A pesquisa divulgada na Communications, Earth & Environment, da Nature, apontou os territórios podem absorver 26.000 toneladas de poluentes nocivos liberados pelas queimadas todos os anos.
Uma pesquisa divulgada na Communications, Earth & Environment, da Nature, apontou que a floresta tropical da Amazônia e seus Territórios Indígenas podem absorver nada menos que 26.000 toneladas de poluentes nocivos liberados pelas queimadas todos os anos, evitando milhares de casos de doenças cardiovasculares e respiratórias letais e reduzindo de forma significativa os custos com a saúde em algumas das cidades mais desmatadas da região.
Os autores – Paula R. Prist , Florencia Sangermano, Allison Bailey , Vitória Bugni, María del Carmen Villalobos-Segura , Nataly Pimiento-Quiroga, Peter Daszak & Carlos Zambrana-Torrelio – realizaram uma análise de dados de 10 anos, constatando que cada hectare de floresta queimada custa às cidades pelo menos 2 milhões de dólares no tratamento de doenças relacionadas, enquanto demonstram que as florestas indígenas ao absorverem os poluentes dos incêndios, evitam cerca de 15 milhões de casos de doenças respiratórias e cardiovasculares por ano, o que, de outra forma, custaria 2 bilhões de dólares ao sistema de saúde.
“Durante os anos analisados, a Floresta Amazônica tinha capacidade potencial para absorver em média 8,5 bilhões de material particulado a cada 500 km/ano, com um total de 26.376,66 toneladas/ano para toda a região. Somente os territórios indígenas foram responsáveis por 27% desse potencial de absorção (7.192 toneladas ano), com apenas cinco territórios (Vale do Javari, Yanomami, Alto Rio Negro, Mekragnoti e Trombetas). Sendo responsável por 8% da capacidade potencial total de absorção de toda a Amazônia. Espacialmente, a menor capacidade de absorção concentrou-se na parte mais ao sul, que corresponde à região do arco brasileiro de desmatamento”, apontam na conclusão do estudo.
A pesquisa também conclui que terras indígenas densamente florestadas estão protegendo populações urbanas e rurais, na região sudeste da floresta. Os resultados indicam que a floresta Amazônica pode absorver 26.000 toneladas de partículas todos os anos e os territórios indígenas são responsáveis por 27% dessa absorção, embora ocupem apenas 22% da floresta, informam.
A equipe de pesquisadores, da Clark University, EcoHealth Alliance, George Mason University, a Universidade Nacional Autônoma do México e a Universidade de São Paulo, concentrou sua análise na Amazônia Legal Brasileira, uma área que se estende por mais da metade do território do país, incluindo 722 cidades de médio e pequeno porte. Durante o período das queimadas, do final de julho até novembro, a região tornou-se um dos lugares mais poluídos do planeta.
“Com base em uma década de relatórios de doenças cardiovasculares e respiratórias em toda a Amazônia, e dados sobre poluentes e cobertura florestal, os cientistas identificaram dois milhões de casos de doenças respiratórias e cardiovasculares para uma estimativa de 1,7 tonelada de partículas liberadas todos os anos por incêndios durante a estação seca, que geralmente começa no final de julho, o que sugere que devastar a floresta pode ocasionar um número muito maior de poluentes e taxas mais elevadas de doenças. Na falta de dados meteorológicos precisos, os cientistas basearam-se apenas em dados de satélite para quantificar as emissões dos incêndios, que são frequentemente perpetrados para desmatar ilegalmente a terra para cultivo ou pasto. Os pesquisadores não mediram as verdadeiras taxas de remoção da floresta, em vez disso, calcularam a capacidade da Amazônia de absorver as partículas emitidas pelos incêndios durante a estação da seca, fazendo previsões com base em estudos realizados em regiões temperadas”, destacam sobre o caminho escolhido para realizar o estudo.