MANAUS – Seis dos sete Estados da Região Norte apresentam aumento no número dequeimadas nos primeiros sete meses deste ano em comparação ao mesmo período de 2015. No período de janeiro a julho de 2015 foram registrados 10.671 focos de incêndio contra 12.568 registrados de 1º de janeiro até 20 de julho de 2016. As informações são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Os três Estados que lideram o aumento são Roraima, Pará e Amazonas. O Tocantins tem o maior número de registros da região, mas não supera o número de focos identificados no mesmo período do ano passado.
Roraima, localizado no extremo Norte, também já superou o recorde de focos de queimadas registrados no Estado. Em 2016, já são 3.161 focos, contra 2.919 de 2003. No Pará, são 2.941 contra 2.187 em 2015. O Amazonas, registrou um aumento de cerca de 150%, como 1.565 neste ano e 611 no mesmo período do ano passado.
Na mesma esteira, Rondônia contabiliza 717 focos contra 637 em 2015. No Acre, são 275 contra 159. O Amapá tem apenas três registros a mais que no mesmo período do ano passado, quando teve 25 incêndios. O Tocantins tem 3.881 focos de queimadas registrados, mas entre o mesmo espaço de janeiro a julho de 2015, teve 5.843 focos registrados.
Aumento de queimadas
O aumento do número de queimadas na Amazônia Legal em 2016 foi previsto em relatório da Nasa. A projeção do laboratório Goddard Space Flight Center aponta que o risco de incêndios no verão amazônico, período de julho a outubro, é maior que 90% nos estados do Amazonas, Acre, Pará, Maranhão, Mato Grosso e Rondônia. A explicação está na intensidade da última ocorrência do fenômeno El Niño.
De acordo com a pesquisa, as condições do El Niño em 2015 e início de 2016 alteraram o “padrão” de chuva em todo o mundo. O começo deste ano foi o período mais seco desde 2002 na Amazônia, superando os anos 2005 e 2010, quando ocorreram intensas estiagens. Mas há quem discorde da previsão.
O coordenador do programa de Monitoramento de Queimadas do Inpe, Alberto Setzer, é uma dessas pessoas. “As previsões que eles [a Nasa] fizeram para os três últimos anos não deram muito certo”, avalia. Setzer também diz que a previsão é bastante genérica. “Não faz muito sentido dar uma previsão para um estado tão grande como o Amazonas. Além disso, previsões com meses de antecedência são ainda muito especulativas, no mundo todo”, assevera.
Setzer também destaca o fator humano na ocorrência de queimadas. “A ocorrência de queimadas não é um fenômeno natural. O clima seco favorece o uso e a propagação do fogo, mas a origem do fogo é a atividade humana”, diz. “Por exemplo, se a população do Mato Grosso seguir o decreto que proibiu o uso do fogo a partir de 15 de julho, não vai queimar muito por lá. Outros estados também estão se preparando para que a população reduza o uso do fogo”, conclui.
Plano
No Amazonas, o Governo lançou no último mês de junho, o Plano de prevenção, controle e combate às queimadas. A iniciativa apoia a execução de ações de prevenção, controle, combate e monitoramento a focos de calor por meio de parcerias com os governos federal, estadual, municipal e sociedade civil. O objetivo é impedir que o Estado volte a ter o alto número de queimadas e incêndios florestais como ocorreu em 2015, quando foram registrados 15.170 focos.
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Após o cruzamento de dados e localizações das ocorrências, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), mapeou as 23 áreas que mais apresentaram focos de calor, em 2015. As localidades terão atuação prioritária das equipes de órgãos parceiros como Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas, Defesa Civil do Estado, Polícia Militar, secretarias de Estado de Educação e Saúde, Delegacia Especializada em Crimes contra o Meio Ambiente e Urbanismo (Dema), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além das secretarias municipais e conselhos do meio ambiente e de desenvolvimento rural.
A intenção é por em prática ações contra ilícitos ambientais trabalhando a prevenção e fiscalização para que o dano ambiental não aconteça.