Não parece, mas é: conheça 5 pragas que ocorrem na Amazônia

Saiba porque alguns insetos são classificados como pragas e como eles causam prejuízos econômicos e ambientais para a região amazônica.

Soldadinhos podem ser considerados pragas por causarem dano às plantações. Foto: Daniel Flores/Behance

Sabe aqueles insetos bem pequenos e aparentemente inofensivos no meio de uma plantação ou andando pela sua casa? É bom ficar em alerta, pois esses bichinhos podem até não ter tamanho, mas quando estão em grande quantidade, são capazes de causar problemas enormes como a destruição de plantas e a proliferação de doenças, além de prejuízos econômicos sem precedentes. São as chamadas pragas.

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Praga é o termo que denomina qualquer espécie, raça ou biótipo de planta, animal ou agente patogênico que cause dano ambiental, provocando perdas econômicas tanto no meio rural quanto urbano.

Esses organismos, inclusive, são motivos de preocupação das autoridades de saúde pública do país, devido à essa capacidade destrutiva.

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O Portal Amazônia encontrou algumas pragas que parecem inocentes, mas na verdade são perigosas. A conversa foi com a entomóloga Beatriz Ronchi Teles, bióloga com mestrado e doutorado em Ciências Biológicas (Entomologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Atualmente, é Pesquisadora Titular III do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e docente permanente nos Programas de Pós-graduação Ciências Biológicas (Entomologia) e Agricultura no Trópico Úmido, ambos do INPA.

Soldadinhos

Tão encantadores na infância (pelo menos na atual geração 30+), os soldadinhos ou viuvinhas, como são conhecidos popularmente no Brasil, são espécies da ordem Hemiptera e constituintes da família Membracidae. Apesar da aparência inofensiva, quando em grande quantidade, esses insetos podem ser considerados pragas agrícolas porque causam prejuízos significativos nas plantações ao se alimentarem da seiva das plantas.

“Os soldadinhos possuem aparelho bucal sugador que perfuram os tecidos das plantas para sugar a seiva, causando o enfraquecimento da planta. A perda de seiva reduz o vigor, atrapalha o crescimento e a fotossíntese, deixando as folhas murchas e amareladas por conta da perda de nutrientes e as toxinas injetadas durante a alimentação”, explica Beatriz Teles, bióloga e doutora em Ciências Biológicas pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

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Ao se alimentarem dos caules e folhas, os soldadinhos podem causar o enfraquecimento da seiva das plantas. Foto: Reprodução/Diário da Biologia

Carrapatos

Considerados vetores de doenças tanto para animais quanto para humanos, os carrapatos são considerados pragas, especialmente na pecuária, por conta dos prejuízos à saúde dos animais e à produção agropecuária, além de transmitirem doenças graves como a babesione e anaplasmose em bois e a febre maculosa, que atinge humanos.

“Os carrapatos são parasitas externos que se alimentam do sangue de animais como bois, cavalos, cães e até humanos. Enquanto se alimentam, eles causam feridas e irritações na pele, que provocam coceira, perda de pelos e infecções. São pragas porque vivem sugando o sangue dos animais, deixam feridas, transmitem doenças e causam prejuízos econômicos nas criações de animais”, explica a entomóloga.

Carrapatos. Foto: Ministério da Saúde
Carrapatos são grandes vetores da proliferação de doenças, tanto em animais quanto em humanos. Foto: Reprodução/Ministério da Saúde

Cupim

Os cupins são insetos sociais conhecidos principalmente pelo seu hábito de se alimentar de madeira e materiais que contêm celulose como papel, papelão e plantas em decomposição. São considerados pragas por causarem prejuízos materiais e econômicos significativos em estruturas como casas de madeira, móveis e cercas, bem como plantações de cana-de-açúcar, café e milho, conforme algumas espécies.

Segundo Beatriz, os cupins vivem de forma organizada e são difíceis de serem controlados devido a sua reprodução intensa e rápida multiplicação. O crescimento rápido das colônias também torna o controle difícil.

“Eles se alimentam de dentro para fora, deixando a superfície aparentemente intacta até que a estrutura esteja comprometida. Constroem túneis e galerias de barro ou madeira, os cupins subterrâneos constroem túneis desde o solo até estruturas de madeira dentro de casas, muitas vezes o dano só é percebido quando é extenso, pois eles se alimentam escondidos dentro da madeira ou solo”, frisa a pesquisadora.

insetos - cupins amazonas
Cupins da ordem Blattodea. Foto: Tiago Carrijo/@bio_insecta

Monilíase

Chamada de “praga do cacaueiro”, a monilíase é uma doença causada por um fungo chamado Moniliophthora roreri que afeta vegetais como cacau e cupuaçu, e do mesmo gênero da famosa vassoura-de-bruxa, outra praga do cacau.

Tem sido uma das pragas mais devastadores da Amazônia, afetando 70% a 100% de perdas na produção desses frutos e causando impactos econômicos e ambientais na região amazônica.

“O fungo penetra através da casca do fruto jovem, muitas vezes por ferimentos ou poros naturais. O período de incubação é longo, de 3 a 7 semanas, significando que o fruto pode parecer saudável enquanto o fungo já se desenvolve internamente. O controle é difícil e caro, pois envolve manejo constante, seleção de frutos e eliminação de focos”, explica Beatriz.

Leia Mais: Conheça a monilíase, doença fúngica que atinge o cupuaçu e o cacau

Chamado Moniliophthora roreri, fundo causador da praga monilíase afeta frutos amazônicos como cacau e cupuaçu. Foto: Reprodução/Adaf

Moscas-das-frutas

As moscas-das-frutas são consideradas pragas aos danos causados na produção agrícola. Elas atacam as frutas durante a sua maturação, através das fêmeas que colocam ovos dentro dos frutos e as larvas se alimentam da polpa, estragando a produção e causando prejuízos aos produtores. Frutas como manga, goiaba, laranja, pêssego, acerola, entre outras, são exemplos das que são comumente atacadas pelas moscas-das-frutas.

“Elas afetam a exportação e comercialização de frutas, especialmente em países tropicais como o Brasil. Para reduzir prejuízos, é necessário investir em monitoramento, armadilhas, controle biológico e manejo integrado de pragas, o que aumenta os custos de produção”, finalizou.

Espécie de mosca-da-fruta. Foto: Paulo Lanzetta/Embrapa
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