Porto Velho, encoberta por fumaça, segue com a pior qualidade do ar do país

Especialistas relacionam as novas frentes de desmatamento, avanço das pastagens no sul do Amazonas e as queimadas na região como os principais responsáveis pela péssima qualidade do ar.

Porto Velho amanheceu novamente com a pior qualidade do ar do país, no dia 14 de agosto, de acordo com a empresa suíça que mede os níveis de poluição do mundo, a IQAir. Uma ‘nuvem’ densa cobriu a cidade desde às primeiras horas da manhã.

Medidores da IQAir registraram que o Índice de Qualidade do Ar (IQA) marcava 557, considerado ‘perigoso’, o último grau de classificação da plataforma. A classificação varia entre ‘Bom’, ‘Moderado’, ‘Insalubre para grupos sensíveis’, ‘Insalubre’, ‘Muito insalubre’ e ‘Perigoso’.

Quando maior o IAQ, mais poluído e danoso é o ar. No início do mês Porto Velho também esteve na liderança com os piores índices. No entanto, à época a capital alcançou o IQA de 272. Ou seja, em menos de duas semanas, o número duplicou e subiu para índices ainda mais preocupantes.

Imagens de satélite mostram Rondônia no centro dos focos de queimadas. Em meio a um período de seca extrema, Rondônia bateu recordes de focos de queimadas: o mês de julho foi o pior em quase duas décadas.

Foto: Reprodução/IQAir

O cenário de seca e queimadas excessivas contribuem para colocar Porto Velho entre os piores índices de qualidade do ar do país. Especialistas relacionam as novas frentes de desmatamento, avanço das pastagens no sul do Amazonas e as queimadas na região como os principais responsáveis pela péssima qualidade do ar.

A umidade da capital registrada está em 23%, menos da metade do ideal que é entre 50 e 60%. Segundo o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam)

Um dos principais poluentes do ar na capital de Rondônia é o PM2,5, uma partícula inalável ultrafina que é mais difícil de ser eliminada no organismo. A concentração dessa partícula em Porto Velho está 40,8 vezes maior que o valor anual recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa partícula é resultante, sobretudo, de fumaça de incêndios ou da queima de combustíveis fósseis.

Foto: Tiago Frota/Rede Amazônica

Imagens de satélite mostram a formação e a distribuição das ‘nuvens’ de fumaça, que se formam, em grande parte, no Sul do Amazonas. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o estado registrou quase 3 mil focos de queimadas apenas nos primeiros dez dias de agosto.

Consequências na saúde

A pneumologista Ana Carolina explica que a diminuição da umidade do ar e o aumento da concentração de partículas finas (PM 2,5) na atmosfera, devido à poluição e redução de chuvas, podem causar ou agravar diversas doenças respiratórias na população, as mais comuns são:

  • Asma
  • Bronquite alérgica
  • Doenças relacionadas ao cigarro
  • Pneumonia
  • Tuberculose
  • Rinite e sinusite alérgica

Também há o aumento de doenças infectocontagiosas, (viroses e gripes). Além disso, crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias crônicas são os grupos mais vulneráveis.

Dicas para enfrentar o tempo seco

  • Beba bastante água (cerca de dois litros por dia ou 10 copos de água de 200 ml). Ela hidrata todos os órgãos, inclusive pele e mucosa;
  • Umidifique o ar em casa. Você pode colocar uma bacia com água no ambiente ou uma toalha umedecida para minimizar os efeitos do ar seco, do ar poluído;
  • Lave os olhos com soro fisiológico ou com colírio de lágrima artificial;
  • Mantenha a casa limpa, evitando o acúmulo de poeira;
  • Evite praticar exercícios físicos das 11h às 17h
  • Proteja-se ao máximo do sol e evite o ressecamento das mucosas e pele.

*Com informações da Rede Amazônica RO

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