Os participantes do primeiro Encontro de Mosaicos de Áreas Protegidas da Região Norte, encerrado esta semana na capital amazonense, buscam o reconhecimento de quatro novos mosaicos de áreas protegidas naquela região. Este reconhecimento, que deve ser feito pelo poder público (União e estados), reforçaria a gestão e proteção de mais de 24 milhões de hectares de áreas naturais na Amazônia, como florestas, mangues, savanas, lagos e planícies.As propostas de criação de novos mosaicos estão em diferentes fases de articulação, e contemplam a criação do: mosaico da Calha Norte, que visa proteger a calha norte do rio Amazonas, entre o Pará e o Amapá, que somaria 11 milhões de hectares; do mosaico do Sul do Amazonas, que busca integrar unidades de conservação e Terras Indígenas num conjunto de 4 milhões de hectares; do mosaico da Terra do Meio, no centro do Pará, com 8 milhões de hectares; e do Mosaico da Rebio do Gurupi, entre o Pará e o Maranhão, que integraria 1,83 milhões de hectares.BenefíciosO reconhecimento desses mosaicos traria uma série de benefícios – como maior escala nos trabalhos de conservação da natureza; gestão integrada entre diferentes atores sociais, civis e governamentais; otimização de recursos e integração de infraestrutura; redução de conflitos e fortalecimento do desenvolvimento territorial. Atualmente, as áreas protegidas brasileiras – responsáveis por uma série de serviços ecossistêmicos como controle do clima, purificação da água e do ar, controle de pragas, recreação e turismo – correm grandes riscos com projetos de infraestrutura que são feitos sem o devido cuidado ambiental, como hidrelétricas e estradas. Expandir proteçãoA ecóloga Marlúcia Bonifácio Martins, que também é pesquisadora do Museu Paraense Emilio Goeldi, de Belém (PA), é uma das articuladoras que trabalha pelo reconhecimento do Mosaico da Rebio do Gurupi, entre o Pará e o Maranhão.Ela conta que a Reserva Biológica do Gurupi é uma área de floresta cercada por Terras Indígenas. “Nossa ideia, em integrar um mosaico de áreas protegidas, é reduzir o nível de isolamento dessas áreas e expandir esse trabalho de proteção biológica e cultural. Estamos falando de uma região que tem mais de 40 espécies de animais ameaçados e mais de 8 etnias diferenciadas, fora as populações indígenas isoladas”, afirmou.Integrante do núcleo de coordenação da Rede Mosaico de Áreas Protegidas (Remap), Heloísa Dias afirma que esses novos mosaicos são um reforço à proteção da natureza existente na Amazônia. “Além disso, eles nascem num contexto em que já temos procedimentos, processos, lições aprendidas que podem ser utilizados para que eles realizem seu trabalho de forma mais eficiente”, explicou.DebatesDurante o primeiro Encontro de Mosaicos de Áreas Protegidas da Região Norte cerca de 150 atores sociais, de todos os estados da Amazônia, estiveram reunidos para trocar experiências e discutir gestão territorial. Para a analista de conservação do WWF-Brasil Jasy Abreu, o encontro significou “a retomada de uma discussão que estava parada”. “Considero que trazer para a pauta governamental essa questão da gestão de territórios por meio de mosaicos foi um dos grandes avanços que tivemos esses dias”, contou a analista – referindo-se à participação ativa de órgãos como a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) nos debates.A expectativa é de que os atores sociais de outros biomas também realizem encontros semelhantes: os representantes das áreas protegidas da Mata Atlântica devem se encontrar em maio e, em setembro, acontece o encontro de mosaicos do Cerrado.O que é um mosaico de áreas protegidas?
A ideia dos mosaicos é otimizar recursos e maximizar resultados, garantindo a participação social no controle das áreas protegidas e maior eficiência em suas ações. Atualmente, existem 23 mosaicos de áreas protegidas no Brasil.