‘Poços’ com mais de 8 metros são detectados na Cachoeira do Abraão, no Acre

Nesse primeiro momento foram encontrados dois poços dentro do rio, próximo à queda d’água, um com 6,10 metros de profundidade e outro com 8,5 metros de profundidade.

Uma mudança no curso do Rio Acre, em Porto Acre, gerou curiosidade nos últimos meses e virou ponto turístico nesse período de altas temperaturas. Apelidada de “Cachoeira do Abraão“, a queda d’água atrai centenas de banhistas que têm no local a oportunidade de amenizar o calor.

Leia também: Após curva de rio se romper, pesquisadores coletam dados de cachoeira no Acre

Porém, no período de nove dias, dois jovens morreram afogados no local e outros incidentes sem vítimas fatais acenderam o alerta sobre a segurança de se banhar nas águas do Rio Acre. Por isso, um grupo de pesquisadores iniciou uma coleta de dados para entender o que aconteceu naquele ponto do rio.

Foto: Tácita Muniz/Rede Amazônica

Os estudos são encabeçados pelo Grupo de pesquisadores do Colégio de Aplicação (CAP), da Universidade Federal do Acre (Ufac).

Reginâmio Lima, doutor em história e pós doutorando em patrimônio histórico, explica que o primeiro passo foi conhecer o local sem interferências históricas para que se fosse registrado a primeira impressão.

“Primeiro fomos ao local confirmar se havia uma cachoeira, o que não é comum no Rio Acre e depois a gente mediu a profundidade, porque morreu duas pessoas no local e queríamos saber o que está acontecendo”, disse.

Poços 

Nesse primeiro momento foram encontrados dois poços dentro do rio, próximo à queda d’água, com 6,10 metros de profundidade e outro com 8,5 metros de profundidade.

“Temos dois grandes buracos embaixo a cachoeira. Então, estamos analisando a viabilidade de se tornar ponto turístico, pois há ainda a questão da poluição, degradação, enfim, ainda é tudo muito novo e vamos ter novas expedições”, 

explica.

Foto: Tácita Muniz/Rede Amazônica

No local onde é visível a cachoeira, há um canal com dupla utilização. Ou seja, quando o rio está em um nível alto, ela passa por um lado, que é onde há um barranco de 15 metros de areia. Já com o nível abaixo, como o registrado durante a seca deste ano, o rio passa por onde se forma essa cachoeira.

Nos registros de moradores, a queda d’água pôde ser vista durante uma seca severa há 60 anos. O estudos com relação ao percurso do rio e os impactos de um turismo no local são feitos em parceria com a PUC do Rio Grande do Sul, segundo o professor. 

Pesquisas 

A geógrafa doutora Elizabete Cavalcante explica que o reconhecimento do local é crucial para avançar nas pesquisas. Ela pontua que o surgimento da cachoeira não é algo frequente, justamente de que, pelos registros, ela ter aparecido há 60 anos.

“Nós estamos tendo um verão rigoroso, com uma seca muito pronunciada e forte. Aquela área do lado direito da cachoeira, aquilo ali era parte do rio, era planície de inundação, mas como o rio secou, ele foi ficando apenas naquela área mais profunda, que a gente chama de várzea, e isso não ocorre sempre. O rio diminuiu a quantidade de água e ele ficou apenas naquela área mais profunda. Quando começar a chover, ele vai de novo preencher toda aquela parte, e essa parte que está exposta agora, esse degrau, ele vai ser recoberto e a gente não vai vê-lo de novo. Por isso que a gente fala que ele é intermitente, ele é passageiro, não é perene”, pontua.

*Por Tácita Muniz, do g1 Acre

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

MPF pede suspensão do licenciamento das obras na BR-319 entre Manaus e Porto Velho

Órgão exige que as licenças ambientais sejam emitidas somente após a consulta prévia às comunidades indígenas e tradicionais que serão impactadas pela pavimentação da rodovia.

Leia também

Publicidade