Pesquisadores da Alemanha coletam amostra de praga inédita em plantações de mandiocas no Amapá

A praga foi encontrada pela primeira vez em terras indígenas de Oiapoque, no extremo norte do Estado, por técnicos da Embrapa.

Pesquisadores da Alemanha durante coleta de amostras. Foto: Dulcivânia Freitas/Embrapa

Pesquisadores do Instituto Leibniz, da Alemanha, coletaram no Amapá, no dia 12 de dezembro, amostras da praga vassoura-de-bruxa Ceratobasidium theobromae – que atinge plantações de mandioca em cinco municípios do Estado. 

A praga foi encontrada pela primeira vez em terras indígenas de Oiapoque, no extremo norte do Estado, por técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em setembro deste ano. O fungo foi detectado também na Guiana Francesa. À época, o governo do Amapá decretou emergência. 

Leia também: Plantação de mandioca no Amapá registra praga inédita no país

Veja os municípios atualmente atingidos: 

  • Pracuúba
  • Amapá
  • Calçoene 
  • Oiapoque
  • Tartarugalzinho

O fungo causa uma redução na produtividade de mandioca, além de comprometer a qualidade dos produtos consumidos pela comunidade ou comercializados.

A Embrapa informou que o objetivo da visita era conversar com as comunidades atingidas e coletar o material para fazer uma comparação com os sintomas que afetam mandioca de fora do Brasil, especialmente em Laos, no Vietnã. 

Fases da visita técnica

A missão científica ocorreu de 11 a 13 de dezembro, participaram da ação o pesquisador Eder Oliveira, especialista em melhoramento genético, lotado na Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, na Bahia); e colaboração da especialista Rosana Blawid, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

No primeiro dia da visita, os profissionais realizaram uma reunião de alinhamento na sede da Embrapa Amapá, na Zona Sul de Macapá, com os gestores e equipe técnica do centro de pesquisas, e com órgãos locais que atuam no monitoramento da praga, como a Superintendência Federal do Ministério da Agricultura e Pecuária no Amapá; e a Agência Estadual de Defesa e Inspeção Agropecuária do Amapá (Diagro).

Já no dia 12, os pesquisadores se reuniram para realizar as coletas das amostras. Os trabalhos foram realizados na comunidade da Montainha, do município de Tartarugalzinho e no Projeto de Assentamento Cujubim, no município de Pracuúba, ambos atingidos pela doença vassoura-de-bruxa. 

No último dia, os visitantes e técnicos locais reuniram-se na Embrapa Amapá, para alinhar os encaminhamos de ações para controle da nova vassoura-de-bruxa da mandioca.

De acordo com a Embrapa, os profissionais são referências mundiais em doenças de plantas. A coleta foi autorizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. Os materiais devem ser analisados num laboratório da instituição, na Alemanha. 

Ainda segundo a Embrapa, a presença do fungo representa alto risco na redução na produtividade das plantas de mandioca afetadas. Até o momento, este fungo não foi detectado em outros hospedeiros no Brasil.  

Nota técnica Embrapa 

Em setembro, quando o fungo foi detectado, a Embrapa divulgou uma nota técnica sobre o assunto. No documento, a empresa detalhou que o transporte de produtos agrícolas entre as regiões pode ter espalhado o fungo, assim aumentando o risco de infecção em outras áreas.

Entenda mais sobre a praga 

Pesquisadores da Alemanha durante coleta de amostras. Foto: Dulcivânia Freitas/Embrapa

Conforme a Embrapa, a transmissão do fungo pode acontecer através de materiais de manuseio das plantas, como ferramentas de corte e poda, que estejam infectadas, além da movimentação de solo e água.

Outros tipos de fungo semelhantes já apareceram no Amapá em frutos como o cupuaçu e em outras regiões do Brasil, como a crise do cacau do sul da Bahia nos anos 90. Mas a praga que afeta os plantios de mandioca especificamente foi registrada pela primeira vez.

A chefe de pesquisas da Embrapa, Cristiane Ramos, explicou que o fungo registrado na região norte, trata-se de uma praga quarentenária, que consiste em um organismo que a presença pode danificar ou destruir cultivos inteiros e ser um obstáculo na exportação, afetando diretamente a economia local.

Aspectos da planta infectada:

A doença Ceratobasidium theobromae (Rhizoctonia theobromae), leva o apelido por deixar a planta seca como uma vassoura de bruxa, deixando os ramos deformados, com nanismo, além da proliferação de brotos fracos e finos nos caules.

É comum após a evolução do vírus a presença da clorose, que deixa as folhas com uma aparência amarela esverdeada ou o ‘verde-pálido’.

Em seguida, vem a morte da gema apical, quando a temperatura é inferior a -2,2ºC, durante 3 horas ou a morte descendente, quando todos os órgãos da planta são atingidos pela praga.

*Por Mariana Ferreira, da Rede Amazônica Amapá

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