Pesquisa investiga agentes químicos usados em incêndios florestais

O objetivo da pesquisa realizada no Mato Grosso é verificar os impactos da aplicação desses agentes no ambiente e identificar o grau de toxicidade.

O nome do material químico já diz sua função “retardante de fogo“, e tem sido utilizado, assim como os líquidos geradores de espuma (LGE), em incêndios florestais, como aconteceu em Mato Grosso, em 2019, quando o fogo destruiu mais de 10% do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, conforme dados do Instituto Chico Mendes (ICMBio).

Com objetivo de investigar os impactos da aplicação desses agentes no ambiente e identificar o grau de toxicidade, pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), realizam o estudo ‘Toxicidade e segurança ambiental de retardantes de fogo sobre diferentes modelos biológicos e ambiental como parâmetro para utilização in loco’.

Pesquisa investiga agentes químicos usados em incêndios florestais. Foto: Reprodução/Unsplash

O coordenador dos estudos, professor Marcos Antônio Soares, explica que nos dias atuais resultados mais precisos mostrando metodologias e dados estatísticos, que utilizem diferentes organismos biológicos associados a esses agentes retardantes de fogo, são necessários para saber o que a sua aplicação causa no ambiente e identificar o grau de toxicidade.  

“O Brasil não possui uma legislação específica para o uso e quantidades seguras desses retardantes. Ao utilizar esses modelos biológicos esse projeto pretende contribuir com informações acerca da toxicidade desses retardantes de chama e LGE em condições in vitro e in vivo”

ressalta, complementando que foram aprovados no edital Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Pesquisa investiga agentes químicos usados em incêndios florestais. Foto: Reprodução/Unsplash

Subsídios para novos estudos 

O docente ressalta que a pesquisa, iniciada em 2020, se propõe utilizar de bioensaios utilizando diferentes modelos biológicos para ensaios eco-toxicológicos. 

“Temos diferentes ensaios, que podemos definir também como testes, em que utilizamos organismo modelos, que são organismos vivos, utilizados para testar algo, são muito conhecidos e fáceis de serem manipulados em laboratórios e respondem rapidamente a um teste”,

explica.

Ele complementa que esses organismos vivos serão submetidos a exposição dessas cinzas, provenientes de queimadas. “Iremos então avaliar se essas cinzas causam algum tipo de toxicidez nesses organismo modelos. Se encontramos algo, nós extrapolamos essa informação para prever que estas cinzas podem também causar impactos em outros organismos, em ambientes terrestres ou aquáticos”, destaca.

Sobre a pesquisa, ele conta que são esperadas a contribuição para a capacitação e formação de recursos humanos, consolidação dos ensaios ecotoxicológicos no Laboratório de Biotecnologia e Ecologia Microbiana. 

“Esperamos também conhecer os efeitos dos diferentes agentes retardantes de fogo sobre diferentes organismos modelos (desde produtores até consumidores) e no solo”,

conclui.

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