Você sabia que alguns peixes “se disfarçam” de cobras?

Alongados e às vezes com carinha de poucos amigos, esses peixes podem ser bastante escorregadios, dar choque e morder forte com seus dentes afiados.

Poraquê. Foto: Phelipe Janning/Agência FAPESP

Assim como existem espécies de cobra que nadam tão bem quanto peixes, também há muitos peixes que parecem com as serpentes. A semelhança se dá principalmente pelo formato alongado do corpo e, em alguns casos, por conta daquela cara de zangada que certas cobrinhas têm.

Entre os peixes muito bem disfarçados, pode-se destacar as enguias (família Anguillidae), as moreias (família Muraenidae), as piramboias (família Lepidosirenidae) e o muçum (Família Synbranchidae).

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Entre esses animais que “se disfarçam”, alguns são encontrados na Amazônia, como o poraquê (Electrophorus voltai), um dos integrantes da família das enguias.

Natural da Bacia Amazônica, ele é capaz de produzir descarga elétrica de até 860 volts – cerca de quatro vezes a voltagem de uma tomada de 220 volts. 

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Peixes simpáticos e inofensivos

Outros aspirantes a serpentes são a piramboia e o muçum, peixes de água doce com nomes que vêm da cultura indígena. Na língua dos tupis – população originária que vivia na costa brasileira quando os portugueses chegaram no Brasil, no século XVI –, o termo “pirá” significa “peixe” e “mboia”, “cobra”; enquanto “mu’su” significa “escorregadio”.

Essa característica, inclusive, é comum aos dois peixes, uma vez que secretam um tipo de muco pela pele. Isso faz com que eles consigam se movimentar rapidamente, escapando de seus predadores e pregando sustos nas pessoas que se refrescam nos rios. 

Outra curiosidade é que piramboia e muçum podem viver longos períodos em áreas de lama, sem água, para escapar da seca.

A piramboia consegue essa façanha porque possui pulmão: quando está na água, ela precisa subir à superfície de tempos em tempos para buscar ar. (Com habitat exclusivo em água doce, a piramboia pode ser encontrada nas bacias dos rios Amazonas, Paraguai e baixo Paraná, além de países e regiões como Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana e Guiana Francesa).

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Piramboia. Foto: João Paulo Marques D’Andretta

Já o muçum tem uma faringe altamente vascularizada, que funciona de forma similar ao órgão responsável pela respiração. Por isso, durante à noite, é comum encontrá-lo rastejando pelo chão, indo de um corpo d’água para outro.

*O conteúdo completo foi escrito por Natasha Pinelli para o Instituto Butantan. A matéria contou com a contribuição e foi validada pelo biólogo e tecnologista do Laboratório de Ecologia e Evolução (LEEV) do Butantan Fabiano Morezi de Andrade.

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