No coração do Pantanal mato-grossense, um embate entre uma onça e um jacaré viralizou nas redes sociais. A onça, conhecida como ‘Ti’, saiu vitoriosa do confronto e consolidou sua reputação como uma das predadoras mais temidas da região. Este momento foi capturado em vídeo pelo guia de turismo Branco Arruda, que acompanha Ti desde os seis anos de idade.
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De acordo com Arruda, ‘Ti’, que tem dez anos, é a mãe de dois grandes filhotes. E no dia da caçada registrada por ele, a onça não estava sozinha: seu irmão ‘Juru’ a acompanhava de longe. As imagens mostram a onça saltando no rio e entrando em uma luta contra o jacaré. Os dois somem dentro das águas barrentas do Rio Cuiabá, mas logo a onça sai da água com o jacaré na boca. Confira:
O registro foi feito por Arruda no Parque Estadual Encontro das Águas, em Paconé (distante 104 quilômetros de Cuiabá), no Mato Grosso.
Evolução
A equipe do Portal Amazônia mostrou o vídeo para o biólogo Rogério Fonseca. Ele afirma que as imagens mostram o comportamento mais natural da onça-pintada. Diferente dos que muitos pensam, a onça possui tanto agilidade fora da água, quanto dentro dela. “As onças possuem uma relação muito forte com os corpos hídricos e a mordida dela foi adaptada evolutivamente para a alimentação de alguns animais, como por exemplo, os jacarés”, destacou.
No vídeo, não é possível ver muito da luta entre os animais, mas Fonseca explicou que a mordida da onça é muito mais forte do que a de outros felinos.
Claro que os onças não se alimentam exclusivamente de jacarés. Esses felinos possuem uma variedade de possíveis alimentos dentro da floresta. “O jacaré se tornou uma presa das onças por causa dessas adaptações evolutivas, afinal, a força da mordida de uma onça tem o poder de quebrar a estrutura craniana e transpassar as placas dérmicas que tem no couro do jacaré”, contou Fonseca.
Esse não é o primeiro ou único registro que será feito de uma onça predando um jacaré. Segundo Fonseca, os registros são importantes para que os pesquisadores conheçam mais do ecossistema amazônico e sobre a ciência alimentar dos animais.
“Hoje em dia, assim como a imprensa, o cidadão comum, por conta do celular, consegue fazer registros científicos e a gente chama isso de ciência cidadã. Esses dados podem preencher lacunas de conhecimento científico de diversas espécies”, contou.