Onça-pintada. Foto: Adriano Gambarini
A onça-pintada e o peixe-boi-da-amazônia estão entre 23 espécies brasileiras que tiveram os genomas totalmente mapeados e com alta qualidade. O anúncio dos primeiros resultados de dois anos do Consórcio Genômica da Biodiversidade Brasileira (GBB), foi feito nesta terça-feira (27). O projeto é fruto de uma parceria entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Tecnológico Vale (ITV).
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O genoma é como se fosse a imagem na caixa de um quebra-cabeça. E os genes fossem as peças. Sem a imagem de referência, é muito mais difícil de fazer montagem. Com o genoma referencial é a mesma ideia, ele facilita o sequenciamento de indivíduos da mesma espécie ou de similares. No total, o Consórcio sequenciou 743 genomas de 413 espécies.
O projeto aplica ferramentas modernas para desvendar a genética de espécies ameaçadas, exóticas e aquelas com potencial bioeconômico.
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A coordenadora do GBB, Amely Martins, afirma que conhecer o genoma ajuda a entender como as espécies lidam com desafios como perda de área natural e mudanças climáticas.
“Quanto maior a diversidade genética de uma espécie, potencialmente ela tem um arcabouço melhor pra lidar com seleção natural, que tá aí batendo na porta e que vai pressionar as espécies. Então, quanto maior a diversidade genética, mais facilidade, talvez, ela tenha de lidar e se adaptar a essas mudanças no meio ambiente”.
O diretor de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio, Marcelo Marcelino, disse que a iniciativa vai reforçar as ações de proteção das espécies do país.
“Por exemplo, para avaliar o risco de extinção da espécie, a gente usa muito a perda de habitat, a fragmentação, o isolamento de populações. São uns dos critérios principais, os mais usados, que a maior parte das espécies cabem nesses critérios e a gente vai ter muito mais acurácia pra poder afirmar que a população está isolada e uma espécie está ameaçada”.
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O Consórcio Genômica da Biodiversidade Brasileira tem 114 projetos em andamento. A meta é produzir genomas de referência para 80 espécies.
Os resultados inéditos desses primeiros anos do projeto, iniciativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável (ITV DS), estão sendo apresentados até o dia 28 de maio, na sede do ICMBio, em Brasília (DF). O encontro conta com representantes do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável (ITV DS).
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*Com informações da Rádio Agência Nacional e ICMBio