Museu Goeldi e Ideflor-Bio estabeleceram parceria para resgatar a lista. Os estudos iniciarão pelo grupo da flora e sua realização permite aperfeiçoar o monitoramento da Amazônia paraense.
O Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) formalizou com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio) um protocolo para revisar e atualizar a Lista de Espécies da Flora Ameaçada de Extinção do Estado do Pará. O trabalho também envolverá o Jardim Botânico do Rio de Janeiro e Centro Nacional de Conservação da Flora.
A assinatura do termo de cooperação pelo diretor geral do Ideflor-Bio, Nilson Pinto de Oliveira, e pelo diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Júnior, ocorreu no dia 10 de agosto no Centro de Exposições Eduardo Galvão, localizado no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi.
A atualização da lista é de importante para que seja possível monitorar o status dos ecossistemas locais e criar estratégias de conservação. “É auspicioso retornamos essa parceria com o Governo do Estado para continuarmos nossos estudos visando a atualização das listas de espécies ameaçadas do Pará. Vamos começar com o componente de flora e posteriormente abarcar a fauna. E, com isso, nós seguimos o processo de monitoramento da lista, que foi elaborada em 2008 dentro de um programa chamado Extinção Zero, desenvolvido em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e a Conservação Internacional, e que contou com o conhecimento de ampla rede de especialistas”, destacou o diretor do MPEG, Nilson Gabas Jr.
Gabas Júnior enfatiza que é importante “saber o que temos agora e o que precisamos para manter as espécies e seus habitats”.
Lista Vermelha
Lançada pela primeira vez em 2008, pelo Governo do Pará, Museu Goeldi e a Conservação Internacional do Brasil, a lista catalogou 181 espécies ameaçadas, das quais 53 plantas e 128 animais.
“A Lista Vermelha do Pará contém, além das características de cada espécie, um mapa de distribuição delas associado ao mapa da perda de seus hábitats”, ressalta Ima Célia Vieira, pesquisadora titular e e ex-diretora do Museu Goeldi.
O objetivo do programa era criar, com base nas informações da lista, uma nova agenda ambiental que permita ao governo proteger as espécies ameaçadas. A agenda seria implementada por um comitê gestor e técnico, composto por instituições científicas, universidades, organizações não-governamentais (ONGs), setores produtivos e poder público.
E a primeira ação do comitê seria apontar as “Áreas Críticas de Biodiversidade” como regiões prioritárias para conservação. Por meio de ferramentas de modelagem computacional, os cientistas queriam acompanhar a distribuição das 13 espécies da Lista Vermelha consideradas como criticamente em perigo. Este trabalho seria complementado por medições em campo, possibilitando intensificar as ações governamentais nas áreas críticas
Área mais desmatada
A maior parte das espécies da Lista Vermelha está na região conhecida como Centro de Endemismo Belém, localizado entre o Pará e o Maranhão, então a área mais desmatada, cujas taxas de perdas de espécies se assemelham a da Mata Atlântica.
A Amazônia tem oito grandes centros de endemismo que abrigam espécies únicas, sendo o centro de Belém o mais impactado de todos. A região tem mais de 150 municípios, cujas áreas críticas começaram a ser identificadas após o lançamento do programa Extinção Zero. O Pará tem 55% de seu território dentro de áreas protegidas ou territórios indígenas. Naquela ocasião, o estado era o primeiro lugar da lista de desmatamento na Amazônia brasileira.
A elaboração da Lista Vermelha foi uma entrega do Projeto Biota Pará, coordenado por pesquisadores do Museu Goeldi, e iniciado em 2004 com a definição dos critérios e categorias de ameaça a serem adotados na avaliação do estado de conservação das espécies no Pará.
Inicialmente os pesquisadores elaboraram uma lista com 928 espécies candidatas a integrar a lista final. Esse banco de dados foi disponibilizado para consulta pública na internet e a decisão das espécies ameaçadas do estado, finalizada em junho de 2006, seguiu os critérios da União Internacional para Conservação da Natureza: criticamente em perigo, em perigo ou vulnerável.
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