Documento reunirá propostas de ações e reivindicações das comunidades amazônicas sobre mudanças climáticas, preservação da floresta e desenvolvimento sustentável. Foto: Patrick Marques/Rede Amazônica AM
Lideranças comunitárias, representantes de movimentos sociais e organizações da sociedade civil iniciaram, nesta quarta-feira (5), a construção da chamada “Carta da Amazônia” durante o primeiro dia de viagem do barco Banzeiro da Esperança, que partiu de Manaus (AM) rumo à COP30, em Belém (PA).
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A “Carta da Amazônia” será o documento que reunirá propostas de ações e reivindicações das comunidades amazônicas sobre mudanças climáticas, preservação da floresta e desenvolvimento sustentável. O conteúdo será apresentado durante a Conferência da ONU sobre o Clima, marcada para ocorrer entre os dias 10 e 21 de novembro.
Com o tema “Banzeirou”, a programação começou com uma abertura oficial conduzida por representantes da organização da expedição, como a Fundação Amazônia Sustentável e a Virada Sustentável, além de uma apresentação cultural de artistas que participam da jornada.
Em seguida, a comitiva que viaja no barco participou de dinâmicas como a chamada “farinhada” – ato de produção da farinha – que foi usada como exemplo para que os participantes trabalhem em conjunto em prol da missão da expedição.
Durante a tarde, os debates para a construção dos manifestos coletivos que integrarão a carta final, a principal missão da expedição, têm início no “Banzeiro da Esperança”.
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Carta da Amazônia
Um dos participantes dos debates e da expedição é o presidente da Associação Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, no Amazonas, Carlos de Carvalho Gonçalves. Ele contou que se reuniu com lideranças antes de iniciar a viagem e reuniu as principais melhorias que o povo que vive na região precisa para que a floresta permaneça preservada.
“O povo tá muito preocupado com tudo aquilo que o mundo tá fazendo e tá olhando de uma forma a Amazônia. A Amazônia é importante, precisa nos ouvir pra poder falarmos realmente aonde precisa mudar e aonde precisa realmente colocar os pontos da necessidade. Eu acredito que a Amazônia está de pé, mas isso só é possível porque existe um povo que cuida, que protege e que mora nela. Então é junto com as instituições as quais o ‘Banzeiro da Esperança’ está levando, que a gente coloca o conhecimento tradicional e o científico”, disse Gonçalves.
Segundo os organizadores, a ideia é que o documento reflita vozes de territórios que historicamente têm pouca participação nas tomadas de decisão sobre questões ambientais. As discussões no barco devem continuar ao longo de toda a viagem pelos rios da região.
“A gente está construindo, ao longo dessa jornada, uma visão que vai procurar colocar todos os que estão aqui dentro como autores. Essa carta vai trazer um manifesto desse universo, que obviamente não representa a Amazônia inteira, é uma amostra da Amazônia, mas é uma amostra que tem uma legitimidade importante para trazer a sua visão sobre como nós podemos esperançar, praticar o verbo de manter acesa a chama da esperança”, afirmou o superintendente geral da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Virgílio Viana.
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Banzeiro da Esperança rumo à COP 30
A expedição faz parte da “Jornada COP 30”, mobilização que percorre rios da Amazônia com lideranças comunitárias, representantes de movimentos sociais, organizações da sociedade civil e instituições públicas, visando construir planos de ação climática a partir da realidade das comunidades amazônicas.
Segundo Eunice Venturi, gerente de Comunicação da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), o barco foi adaptado para a missão e transporta cerca de 230 pessoas:
“O Banzeiro da Esperança foi preparado para receber lideranças comunitárias de todo o Amazonas. Mais do que uma embarcação, ele representa uma jornada que começou no início do ano e que vai levar as vozes dessas comunidades até a COP30”.
Durante o trajeto, o barco funcionará como espaço de diálogo e construção coletiva, com oficinas e encontros sobre crise climática. As propostas debatidas serão reunidas em uma carta final a ser apresentada durante a COP 30, que acontece entre os dias 10 e 21 de novembro, em Belém.
“Essa carta vai reunir tudo o que foi debatido nessa jornada, trazendo as perspectivas de comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas. Queremos mostrar o ponto de vista de quem vive longe dos centros urbanos e sente mais intensamente os impactos das mudanças climáticas”, completou Venturi.
*Por Patrick Marques, da Rede Amazônica AM
