Ano passado, o nível de poluição na cidade acreana chegou a ser de sete a dez vezes maior que os índices recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Cidade natal do líder seringueiro Chico Mendes, Xapuri, no interior do Acre é apontada como o município com a pior qualidade do ar do Brasil. É o que aponta um relatório da empresa suíça IQAir que analisa os níveis de poluição do ar em diversos países. Outras seis cidades acreanas fazem parte da lista de 38 municípios brasileiros.
De acordo com o World Air Quality Report ou Relatório Qualidade Mundial do Ar, em tradução livre, em 2023 o nível de poluição em Xapuri chegou a ser de sete a dez vezes maior que os índices recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Os piores índices foram registrados em agosto, setembro e outubro, quando o nível de partículas de poluição registradas chegou a 31.5 µg/m³, 38.8 µg/m³ e 26.8 µg/m³ respectivamente. Na média geral, a cidade teve 21µg/m³ durante o período.
Acrelândia, que em 2022 foi a cidade mais poluída do país, desceu nove posições em 2023, com média de 15 µg/m³. Já em 14º lugar surge Senador Guiomard com média de 13,4 µg/m³, o que excede de duas a três vezes o recomendado pela OMS.
Já a capital, Rio Branco, surge em 20º lugar, com uma média de partículas de poluição de 11,8 µg/m³, completam a lista das cidades acreanas com pior qualidade de ar, Manoel Urbano, em 23º lugar com 11,5 µg/m³; Cruzeiro do Sul, em 32 lugar com 8,4 µg/m³; e Tarauacá, na 33º posição com 8,2 µg/m³.
O ranking também mostra que os meses com maior concentração de partículas poluentes no ar das cidades acreanas coincide com o período com menos chuvas na região, entre maio e novembro, quando ocorrem as queimadas urbanas. É possível perceber que assim que tem início o chamado Inverno Amazônico, os índices apresentam melhora.
Para o monitoramento do Acre, a rede suíça se baseia em estações de monitoramento da Universidade Federal do Acre (Ufac) e do Ministério Público.
Classificação
O levantamento usa a medida PM2.5, sigla que representa o material particulado. De acordo com a Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis as PM2,5 são um tipo de partículas inaláveis, de diâmetro inferior a 2,5 micrometros (µm) e constituem um elemento de poluição atmosférica.
Dentro dos parâmetros do relatório, índices de 0 a 5 µg/m³ são considerados ideais, e recebem a cor azul.
Já os índices entre 5.1 e 10 µg/m³ são considerados acima do ideal, mas ainda são aceitáveis, por causarem poucos riscos à saúde da população.
As médias que aparecem em amarelo, laranja, vermelho e roxo são as mais preocupantes, nas quais os municípios do Acre se classificam.
*Por Yuri Marcel e Victor Lebre, do g1 Acre