Inpa inicia reintegração de seis peixes-boi da Amazônia com soltura em ambiente seminatural

Os animais agora viverão em um ambiente que se aproxima do natural até poderem voltar à vida livre natureza.

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) realizou a pré-soltura de seis peixes-boi da Amazônia em ambiente seminatural. Os animais sob os cuidados da equipe do Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) e da assistência veterinária da empresa Prevet foram transferidos da sede do Inpa, em Manaus (AM), para um lago na Fazenda Santa Rosa, na comunidade do Caldeirão, em Iranduba, onde vão iniciar o processo de adaptação à vida em ambiente próximo natural antes da soltura definitiva nos rios amazônicos.

A pré-soltura dos peixes-bois é uma parte importante do processo de readaptação do animal resgatado. Nessa fase, eles são observados em ambiente seminatural controlado para saber se têm condições de se readaptar e sobreviver em ambiente natural livre. 

O período no semi-cativeiro dura de seis meses a um ano, em média, e a soltura em ambiente natural dependerá das condições de readaptação de cada animal.

“A pré-soltura é um processo transitório de readaptação dos animais resgatados e muito importante para diminuir o estresse de adaptação do cativeiro, onde vivem em tanques, para o ambiente natural”,

destacou o veterinário da Prevet, Anselmo D’Affonseca.

Fotos: Anselmo D’Affonseca (Prevet) e Pedro Felipe (Ascom)

Esta deve ser a primeira de outras pré-solturas. No decorrer do ano, espera-se levar de 20 a 30 peixes-boi do Inpa, onde os animais vivem em cativeiro, para o semicativeiro. A quantidade é a mesma planejada para a reintrodução na natureza. Desde 2018, 42 animais já foram soltos na natureza, todos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu-Purus.

Os seis peixes-boi transferidos são machos, com idade entre 6 e 12 anos, dois deles adultos. Um deles é o Gurupá, e os animais pesam entre 100 e 120 quilos. Antes de serem levados para o lago artificial, abastecido com água de igarapé, os animais passaram por avaliação clínica e nutricional para saber as condições de saúde.

Fotos: Anselmo D’Affonseca (Prevet) e Pedro Felipe (Ascom Inpa)

O processo de soltura dos peixes-boi é realizado pelo Inpa, em parceria com a Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), e conta com o apoio da Fazenda Santa Rosa e do Fundo de Conservação do SeaWorld. 

Reabilitação de peixes-boi resgatados 

O LMA do Inpa cuida de 65 peixes-boi entre adultos e filhotes, incluindo esses seis animais da pré-soltura. Em 2023, o Centro Aquático Robin Best do LMA recebeu 15 filhotes resgatados, a maioria órfãos vítimas da caça ilegal.

Segundo D’Affonseca, geralmente, os animais chegam ao Inpa ainda filhotes, resgatados em municípios do interior do Amazonas e até de outros estados da região Norte. No Instituto recebem os cuidados necessários, com os filhotes separados no berçário do Centro Aquático Robin Best.

Fotos: Anselmo D’Affonseca (Prevet) e Pedro Felipe (Ascom )

No local são avaliados, tratados se necessários (alguns chegam debilitados) e amamentados com uma formulação desenvolvida pelo Inpa, com base nas características do próprio leite da espécie. “Após um período de reabilitação de aproximadamente cinco anos os animais aptos são selecionados para o programa de soltura”, contou o veterinário.

Depois, os peixes-boi são levados para os tanques reservados aos animais jovens e adultos, que já se alimentam de verduras como couve, abóbora e feijão-de-corda e de plantas aquáticas coletadas na natureza como alface d’água e capim-membeca. São os animais desses tanques que os visitantes conseguem observar e apreciar durante o passeio no Bosque da Ciência.

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