Conheça o peixe-boi-da-Amazônia, o ‘cantor’ que equilibra o ecossistema da região

O peixe-boi-da-Amazônia, de nome científico Trichechus inunguis, é considerado o menor de todos, medindo até 3 metros e pesando até 450kg.

Das quatro espécies de peixe-boi existentes no mundo, uma delas vive em água doce e só pode ser encontrada na Amazônia. Trata-se do peixe-boi-da-Amazônia, de nome científico Trichechus inunguis, considerado o menor de todos, medindo até 3 metros e pesando até 450kg.

O mamífero aquático, assim como as outras três espécies, é da ordem dos sirênios. Eles receberam apelidos de ‘peixe-boi’ por conta dos seus cantos, que levou navegadores e pescadores a associá-los às mitológicas sereias. Por ter um metabolismo lento, ele pode ficar mais de 20 minutos em baixo d’água.
 

Foto: Divulgação/Inpa

O peixe-boi-da-Amazônia apresenta grande importância ecológica, pois colabora para o equilíbrio do ecossistema em que vive. Como ele se alimenta de plantas aquáticas que ficam na superfície dos rios, impede que elas se proliferem, evitando o efeito chamado de “tapagem”.

Isso acontece quando um crescimento excessivo de matéria orgânica cobre toda a superfície do rio, impedindo a entrada do sol, o que ocasiona a mortandade de algas e animais que vivem no fundo.

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Enquanto seus parentes do mar, os peixes-bois marinhos, podem nadar tanto em água doce quanto em água salgada, o peixe-boi-da-Amazônia raramente se aventura em águas salgadas.

Vegetariano ‘gordinho’

O peixe-boi-da-Amazônia é um mamífero herbívoro – ou seja, se alimenta apenas de algas, aguapés e capim aquático. Mas de plantinha em plantinha, o peixe-boi chega a pesar 300kg e a medir 2,5m.
 

Foto: Reprodução/Ampa

Ele se alimenta principalmente na época chuvosa, quando há mais disponibilidade de plantas. Passa até oito horas por dia comendo e chega a consumir 10% de seu peso em um único dia. Toda essa comida é armazenada em seu corpo em forma de gordura, para suprir suas necessidades energéticas durante a estação seca, quando há menos comida.

Quando as chuvas escasseiam, o peixe-boi-da-Amazônia sai dos pequenos igarapés, onde normalmente vive sozinho, para os grandes rios, onde se junta a grupos de quatro a oito indivíduos.

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Reprodução

A capacidade de recuperação da população de peixes-bois é limitada devido ao seu longo ciclo reprodutivo. Cada fêmea de peixe-boi gera apenas um filhote de cada vez, com raros casos de gêmeos. Cada gestação dura 13 longos meses.

Depois que o filhote nasce, a mãe o amamenta por períodos de em média dois anos. A mamãe peixe-boi é muito zelosa: é ela quem ensina o bebê a nadar, a escolher seus alimentos e a subir à superfície para respirar. Mas todo esse cuidado significa que uma fêmea procria apenas a cada quatro anos.

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Ameaça de extinção

Contudo, o peixe-boi-da-Amazônia é considerado uma das espécies mais ameaçadas de extinção no Brasil. As principais ameaças desse animal são a poluição e a degradação de seu habitat pela desordenada ocupação humana, além da caça indiscriminada. Por ser manso e curioso, torna-se uma presa fácil para caçadores que utilizam a carne, a gordura e o couro desses animais.

Com a caça dos peixes-bois adultos, muitos filhotes ficam abandonados e não conseguem sobreviver sozinhos, por isso a Associação Amigos dos Peixe-boi (AMPA) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTIC) recebe estes animais com o intuito de reabilitá-los e assim, após etapa do semicativeiro do Programa de Reintrodução do Peixe-boi do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, reintroduzi-los aos rios da Amazônia.

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