Projeto desenvolvido por pesquisadores da USP simula atividade mineradora na região amazônica a fim de analisar os impactos secundários da exploração.
A mineração representa um potencial risco para as florestas tropicais no mundo todo. Em especial na floresta amazônica, a atividade leva ao desmatamento, passando dos limites operacionais suportáveis pela floresta. Avaliar os impactos da instalação do estabelecimento da infraestrutura de mineração, além da expansão urbana para apoiar a força de trabalho e o desenvolvimento de redes de escoamento dos recursos foi objeto de estudo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em conjunto com a Universidade de Queensland, da Austrália.
As regiões do Amapá e Pará foram escolhidas para a pesquisa, que buscou imaginar possíveis cenários de desenvolvimentos insustentáveis na área. A pesquisadora Juliana Siqueira-Gay, engenheira ambiental, doutora em Ciências pela Escola Politécnica (Poli) da USP e gerente de projetos no Instituto Escolhas, responsável pela pesquisa, diz que o estudo se pautou em “dois principais modelos, o que a gente chama de modelos espacialmente explícitos”.
Foi a partir da simulação de como ficariam esses ambientes, com a abertura de estradas para o acesso às novas minas, e assim averiguar o avanço e a quantidade de desmatamento. Um exemplo utilizado foi o da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), que compreende nove unidades de conservação na divisa dos Estados do Amapá e Pará e pode implicar num desmatamento substancial, desde a instalação das minas até as atividades secundárias que giram em torno da exploração de minérios.
Consequências indiretas
A vinda para o desenvolvimento das atividades de mineração tem suas consequências diretas e indiretas, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento regional. Isso traz impactos a níveis humanos, se pensadas as comunidades indígenas e biodiversos: “Nós teríamos uma perda de diversidade significativa, há uma perda de hábitat imediata também”.
Um outro problema que também baseia a pesquisa, destacado por Juliana, é a fragmentação de áreas, devido à construção de estradas, que podem chegar a ser 60 vezes maiores que os danos provenientes das minas.
Esses locais estão protegidos pela lei atualmente, mas a pesquisadora diz que existem projetos visando à abertura de reservas indígenas, que sofrem com o pressionamento para o avanço da mineração para o desenvolvimento amazônico. A questão do licenciamento também é reiterada por eles, ao serem analisados os meios possíveis para reverter meios legais de proteção de áreas da floresta amazônica.
Com a pesquisa, a intenção é avaliar mecanismos que monitorem e preservem esses espaços na Amazônia: “Para justamente evitar e mitigar que mais desmatamento aconteça, a necessidade de preservar determinadas áreas é muito importante na Amazônia”, complementa Juliana.