As cinco aves, três machos e duas fêmeas, chegaram ao Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna” em 2019, muito debilitadas, sem penas nas asas e sem condições de voo
Mais cinco ararajubas passam a colorir os céus da capital do Estado a partir desta terça-feira (15). O Projeto de “Reintrodução e Monitoramento das Ararajubas nas Unidades de Conservação da Região Metropolitana de Belém – Belém Mais Linda!”, do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio), realizou a terceira soltura das aves, concluindo a primeira etapa da iniciativa de conservação e proteção da espécie, considerada em extinção.
“Ver as Ararajubas voando saudáveis com brilho nas penas e com qualidade de vida nos traz um sentimento de esperança e reforça a importância das Unidades de Conservação do Estado, dos projetos de pesquisa, da educação ambiental e do desenvolvimento sustentável. Todo o esforço da equipe para reintroduzir as espécies ameaçadas de extinção é extraordinário”, ressalta Karla Bengtson, Presidente do Ideflor-bio.
As cinco aves, três machos e duas fêmeas, chegaram ao Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna” em 2019, muito debilitadas, sem penas nas asas e sem condições de voo. Elas são provenientes de apreensão por órgãos ambientais e doação de zoológico dentro do Estado do Pará.
O projeto de “Reintrodução e Monitoramento das Ararajubas …” iniciou em 2017 e ao longo dos anos reintroduziu 20 indivíduos que são continuamente monitorados na Região Metropolitana de Belém (RMB).
A Ararajuba é uma espécie endêmica do bioma amazônico ameaçada de extinção e considerada “vulnerável”, segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), do Ministério de Meio Ambiente e a Resolução Coema n° 54.
De acordo com Crisomar Lobato, engenheiro florestal e diretor de Gestão da Biodiversidade do Ideflor-Bio, cerca de 80% da espécie natural das aves vive no Pará, o que reforça a importância do trabalho de conservação e proteção da espécie. No Estado do Maranhão e Amazonas também há registros da presença das aves.
“Elas são lindas, raras e marcantes. Devem ser apreciadas e protegidas por todos. Já temos uma geração belenense de ararajubas reproduzidas após as primeiras solturas. Precisamos conscientizar a população que as aves não podem ser capturadas. Quem captura para vender tem culpa tanto quanto quem compra as espécies”, reforça o engenheiro Crisomar Lobato, pois que o comércio ilegal de animais é um dos principais responsáveis pela extinção das espécies.
TREINAMENTO
Uma equipe de biólogos do Ideflor-bio foi responsável por acompanhar o dia a dia das aves que participaram do projeto, que estimula a conservação da biodiversidade. O processo de reintrodução das ararajubas começa bem antes do dia da soltura.
O biólogo da Gerência de Biodiversidade do Instituto, Rubens Aquino explica que há toda uma preparação para esse momento. Inicialmente, as aves precisaram se adaptar às questões climáticas e passaram pelo reconhecimento da nova alimentação, que inclui sementes, açaí, muruci e ajuru.
“No aviário de manutenção, realizamos suplementação alimentar, exames de rotina, treinamento contra os predadores naturais (cobras), enriquecimento ambiental e desenvolvemos o condicionamento físico para a próxima etapa”, explica o biólogo Rubens Aquino.