Ibama pede à Petrobras adequações em projeto de exploração de petróleo na costa do Amapá

Técnicos do instituto pontuaram 14 itens em documento que pede mais informações sobre o Plano de Proteção e Atendimento à Fauna Oleada (PPAF).

Mapa com os Estados das Bacias da Margem Equatorial. Foto: Divulgação

O Grupo Rede Amazônica teve acesso ao ofício encaminhado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) à Petrobras sobre o pedido para perfuração na Bacia da Foz do Amazonas, no litoral do Amapá. O documento lista 14 itens sobre o Plano de Proteção e Atendimento à Fauna Oleada (PPAF), exigência para o licenciamento ambiental.

Na terça-feira 29 de outubro, o instituto requereu mais informações à empresa sobre os planos para a região, incluindo a construção de bases no município de Oiapoque.

Em nota, a Petrobras informou que teve conhecimento da resposta do Ibama e considera que houve um importante avanço no processo de licenciamento do bloco FZA-M-59, Amapá Águas Profundas. Disse ainda que sua equipe técnica está detalhando cada questionamento para responder ao Instituto (Veja a nota na íntegra no fim desta matéria).

No litoral amapaense, o pedido de licenciamento em questão é para bloco FZA-M-59, na Bacia da Foz do Amazonas. O projeto para perfuração de poço está a cerca de 500 km da foz do Rio Amazonas, a 175 km da costa do Amapá e a 2.880 metros de profundidade.

Para a Margem Equatorial, a companhia prevê investimento de US$ 3,1 bilhões para a perfuração de 16 poços na Margem – área que se estende pela costa do Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte – no período de 2024 a 2028.

Veja os 14 itens pontuados pela Petrobras:

  1. PPAF segmentado, assinado por técnicos da Petrobras, sem ter sido elaborado pela empresa responsável pela sua execução;
  2. Não foram apresentadas as empresas responsáveis pelo atendimento da fauna no caso de um acidente Tier 1;
  3. Há divergência de informações quanto ao número de helicópteros de apoio disponíveis (um ou três);
  4. A Unidade de Estabilização e Despetrolização de Oiapoque – UED-OI Aainda não foi viabilizada, não tendo sido apresentada sua estrutura, tampouco definição acerca da sua operação;
  5. Resta dúvida se haveria atendimento veterinário noturno, ou se os plantões seriam de 12 horas, não havendo troca de assistente;
  6. Não foi informado se no município de Oiapoque existe empresa especializada para coleta e destinação de efluentes e resíduos contaminados com óleo de lavagem de animais;
  7. Em relação à montagem de Unidades de Recepção de Fauna – URF, a empresa não informou a partir de qual localidade sairiam os profissionais especializados que estariam mobilizados em até 24h para Oiapoque, após o acionamento;
  8. Foram apresentadas três instalações mapeadas na região de Oiapoque que poderiam, caso necessário, ser mobilizadas durante eventual resposta a derramamento de óleo de grande magnitude. Entretanto, não foram apresentados os tempos de mobilização, deslocamento e logística entre o porto e o aeródromo de Oiapoque e estes locais;
  9. Em relação ao manejo de fauna, foram indicadas 2 embarcações dedicadas para resgate e transporte, sendo que apenas uma delas é rápida. Não foi apresentada solução para o resgate durante os períodos de deslocamento das embarcações até os portos, considerando que a embarcação convencional não atende aos tempos estabelecidos no Manual, caso seja utilizada também para o transporte;
  10. A empresa não confirmou a viabilidade e tampouco apresentou alterna para as atividades de transporte e transbordo de animais em período noturno, que podem não ser realizadas por questões de segurança dos profissionais, por exemplo. Caso tais atividades não sejam realizadas, a probabilidade de cumprir os tempos de atendimento determinados no Manual é reduzida;
  11. Não há informação quanto à quantidade e localização dos equipamentos disponíveis para captura e dissuasão;
  12. Há divergência de informações quanto a presença de veterinário a bordo da embarcação de resgate;
  13. A empresa não menciona se, durante o trajeto realizado pelas embarcações nearshore, com previsão de duração de cerca de 5 horas, seria possível seguir com o mesmo nível de cuidado dispensado aos animais na embarcação anterior; 
  14. Em relação às Unidades de Manejo de Fauna, o número de 4 profissionais tratadores especializados em manejo de fauna para a ampliação da EOR, é considerado insuficiente.

Veja a nota da Petrobras na íntegra:

A Petrobras tomou conhecimento da resposta do Ibama e considera que houve um importante avanço no processo de licenciamento do bloco FZA-M-59, Amapá Águas Profundas.

Remanesce pedido de detalhamentos do Plano de Proteção à Fauna e da nova base de Fauna do Oiapoque.  A equipe técnica da Petrobras está detalhando cada questionamento para responder ao Ibama.

A Petrobras está otimista e segue trabalhando na construção da nova unidade de fauna no Oiapoque,  com o entendimento que é possível realizar a APO para a obtenção da licença para a perfuração  em águas profundas no Amapá.

*Por Rafael Aleixo, da Rede Amazônica AP

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