Duas das maiores hidrelétricas do Brasil voltam a operar com metade da capacidade após subida do Rio Madeira

Em setembro, as hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, precisaram reduzir a capacidade em razão da seca extrema.

Hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira, em 2017. Foto: Beethoven Delano

Com o nível do Rio Madeira subindo gradativamente, as hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio voltaram a funcionar com pelo menos metade das unidades geradoras, em Rondônia. Em setembro, as duas precisaram reduzir a capacidade em razão da seca extrema na região.

Com mais de 3 mil km² de extensão – destacando-se como um dos maiores do mundo – o rio Madeira abriga duas das maiores usinas hidrelétricas do Brasil: Jirau e Santo Antônio. As duas fazem parte do Sistema Interligado Nacional (SIN) e geram energia para todo país.

No dia 11 de outubro de 2024, o Madeira atingiu a um nível nunca observado, desde que começou a ser monitorado em 1967: 19 centímetros. No dia 29 de novembro, o rio chegou a 5,50 metros. Ainda assim, o nível está abaixo da média, que é 6,16 para este período.

Por causa da baixa vazão, Jirau passou a operar com 20% das turbinas, enquanto Santo Antônio também paralisou parte das máquinas e ficou apenas com 14% da capacidade.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), até a última quarta-feira (27) a Jirau estava operando com 25 Unidades Geradoras e geração média de 1.000 Megawatts, enquanto Santo Antônio tinha ativas 28 máquinas, com geração média de 1.700 Megawatts.

Segundo a Santo Antônio, no dia 29, a quantidade de máquinas em funcionamento aumentou para 30. As condições mudam conforme a afluência do rio Madeira. Quanto maior a vazão, a possibilidade de mais unidades funcionarem sem danos também é maior. As turbinas da usina foram projetadas para operar com uma queda líquida entre 10 e 20 metros: se a queda for maior ou menor que isso, pode comprometer o funcionamento das máquinas e causar a paralisação.

Usina Hidrelétrica Jirau. Foto: Divulgação/Usina Hidrelétrica Jirau

O Madeira passou meses em seca extrema e cenários nunca observados. Ribeirinhos e moradores de distritos enfrentaram a falta de água e os pescadores viram os peixes desaparecer, assim como o próprio sustento.

Contexto

A região amazônica enfrentou um período de seca extrema e dois fatores inibem a formação de nuvens e chuvas: Oceano Atlântico Norte mais aquecido que o normal e mais quente que o Atlântico Sul, e o fenômeno El Niño, que causa atrasos no início da estação chuvosa e enfraquecimento das chuvas iniciais do período.

A imensidão de água desapareceu e no lugar estão montanhas de pedras e bancos de areia que afetam a navegabilidade.

As atividades no Porto Organizado de Porto Velho foram suspensas pela 1ª vez na história. Armadores e operadores portuários pararam as atividades por causa das condições de navegabilidade no Rio Madeira.

No início de novembro, o cenário começou a mudar e o rio ficou acima de 1 metro depois de passar mais de um mês batendo recordes de mínimas históricas. As chuvas nas cabeceiras na Bolívia e no Peru, responsáveis por 70% da vazão do rio Madeira, contribuíram para a recuperação gradual do nível das águas.

Durante um evento realizado na quinta-feira (28) pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) foi apresentado o prognóstico para os próximos meses e o ano de 2024. A previsão é que as chuvas no estado permaneçam na média.

*Com informações da Rede Amazônica RO

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Agricultor aposta na irrigação para enfrentar seca e melhorar produção em Roraima

A seca e a estiagem no início deste ano, causadas pelo El Niño, prejudicaram o cultivo e geraram prejuízos. Por isso, Washington Luís resolveu investir na irrigação como saída para driblar imprevistos climáticos.

Leia também

Publicidade