A natureza é bem mais precioso e as interações que acontecem dentro dos biomas garantem a continuidade da vida, seja ela humana, animal ou das plantas. Ainda assim, ano após ano os biomas queimam, esses incêndios são em sua maioria iniciados pela ação humana, e um setor que até então tem passado despercebido nessa história é o financeiro.
Bancos têm emprestado recursos financeiros, como o crédito rural, para produtores rurais envolvidos com queimadas criminosas, é o que mostrou o novo levantamento do Greenpeace Brasil. Ao fecharem os olhos diante de irregularidades socioambientais, os bancos se tornam parte do problema e assumem um papel importante no financiamento das atividades que destroem a natureza.
Em abril, o Greenpeace Brasil lançou o relatório ‘Bancando a Extinção: bancos e investidores como sócios no desmatamento’, onde denunciou que devido a critérios insuficientes e processos falhos para a concessão de crédito, bancos públicos e privados vêm direcionando milhões em recursos, todos os anos, para fazendas envolvidas com desmatamento, queimadas, grilagem e conflitos fundiários.
De um lado, quem tem dívidas encontra muita dificuldade para acessar um financiamento para comprar uma casa e ainda pode ter seu pedido negado. Do outro, quem destrói os biomas e coloca fogo nas florestas e pastos, além de acumular milhões em dívidas ambientais, tem seu financiamento aprovado. É uma conta injusta que é possível devido às frágeis medidas de controle utilizadas pelas instituições financeiras para concessão de financiamento.
O Greenpeace Brasil fez um levantamento que aponta que 2.261 propriedades rurais foram financiadas com sobreposição de embargo ambiental (incluindo 12 tipos de infração):
Em ambos os casos, a maioria se deu no bioma Amazônia, embora a análise tenha considerado também o Cerrado e o Pantanal.
Atualmente o Manual de Crédito Rural traz impedimentos ambientais, sociais e climáticos para a concessão de crédito, e no caso de embargos a restrição se aplica apenas se for embargo por desmatamento, deixando de fora uma série de outros tipos de embargos ambientais, como por exemplo o uso do fogo ou por impedir a regeneração. Por isso a restrição deveria ser mais ampla.
*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Greenpeace Brasil. Confira a reportagem completa AQUI.