Grandes frigoríficos apresentam ações para frear desmatamento na Amazônia

Foto: Divulgação/Greenpeace

Há dez anos o Greenpeace investiga o avanço do desmatamento ligado à produção agropecuária na Amazônia, tendo como marco o relatório “A Farra do Boi da Amazônia”. A consequência quase imediata foi o compromisso dos três maiores frigoríficos – JBS, Marfrig e Minerva, com o Desmatamento Zero.

Desde então as empresas do acordo passaram a tornar públicas verificações independentes que testam o sistema de compra de gado impedindo fazendas envolvidas com desmatamento, trabalho escravo, invasão de terras indígenas e Unidades de Conservação. Hoje, os frigoríficos divulgam os resultados da terceira verificação anual, com resultados positivos e pontos que merecem muita atenção.  

De acordo com as empresas de auditoria (BDO e DNV), os três frigoríficos possuem sistemas com bom grau de eficiência, que permitem conhecer as fazendas que lhes fornecem diretamente e também bloquear fornecedores envolvidos com desmatamento, trabalho escravo, invasão em Terras indígenas e Unidades de Conservação e outros problemas listados como critérios mínimos para operar no Bioma Amazônia.

As empresas também aumentaram a compra de fazendas diretas de fornecimento monitoradas através de mapas que detalham com precisão suas dimensões permitindo assim detectar se estão em áreas com ocorrência de desmatamento, existência de terras indígenas e áreas de conservação.

A Marfrig seguiu com o patamar que já havia atingido em 2015, com 100% de fornecedores com este tipo de identificação. Embora a JBS ainda não tenha atingido a meta publicada em seu plano de trabalho em 2014, de “não comprar gado de fazendas fornecedoras sem mapa georreferenciado da propriedade a partir de Dez/2014”, a companhia passou de 71%, em 2014, para 80% das compras de gado de fazendas monitoradas em 2015. Já a Minerva tinha 85% de fazendas com mapas no ano passado, esse percentual subiu para 92%.

Apesar de tais avanços, os frigoríficos permanecem descumprindo alguns itens do Compromisso Público da Pecuária. Um deles, assumido há quase 7 anos, diz respeito ao controle sistemático de fazendas que fornecem INDIRETAMENTE para essas companhias. “Como o gado é bastante movimentado ao longo da vida, se não houver controle das fazendas que fornecem para quem vende diretamente para os frigoríficos, o gado ‘livre de desmatamento’ pode estar misturado com animais que podem ter vindo de áreas devastadas. Quem paga o pato, além da floresta, somos todos nós, pelos impactos que o desmatamento traz”, afirma Adriana Charoux, da Campanha da Amazônia do Greenpeace.

Este é um momento crucial para ampliar a responsabilidade na cadeia de produção pecuária na Amazônia. Graças às políticas Desmatamento Zero assumidas pelas três maiores redes de supermercados do país – Carrefour, Pão de Açúcar e Walmart –, os médios e grandes frigoríficos que operam na Amazônia não podem mais adiar a adoção de critérios de controle de fazendas, a exemplo do que fizeram JBS, Marfrig e Minerva.

Mais ambição

Os três grandes frigoríficos representam sozinhos representam algo em torno de 70% do volume de abate no Bioma Amazônia. Assumirem também o controle sistemático dos fornecedores indiretos já é um passo. “As empresas pouco fizeram para resolver a questão. Embora seja algo complexo, as empresas já mostraram, através do monitoramento geográfico das fazendas diretas, tido no passado como algo impensável e inviável, que isso é possível e necessário. É uma mudança inevitável já que o mercado já tem demandado este tipo de controle”, reforça Charoux.

Outro ponto que merece destaque, embora não possa ser considerado como não conformidade, é que todos os frigoríficos continuam comprando de fazendas sem o Cadastro Ambiental Rural (CAR), fundamental no controle de desmatamento e cuja exigência legal, instituída pelo novo Código Florestal,  foi mais uma vez adiada pelo governo federal. “As empresas precisam se antecipar à lei se quiserem diminuir os riscos em sua cadeia de produção. Além disso, são indutoras poderosas no cumprimento desta importante política pública”, lembra Adriana.

Aqui você pode acessar o os documentos das empresas JBS, Marfrig e Minerva.

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