Gongocompostagem: o trabalho “oculto” dos embuás

Enrolando-se para se proteger, esses animais podem causar medo, mas mostraram ser importantes para o meio ambiente.

Foto: Clarice Rocha/Embrapa

Os diplópodes (Diplopoda) são popularmente conhecidos como piolhos-de-cobra, gôngolo ou embuá. Este é um animal que possui corpo cilíndrico, com um par de antenas e dois pares de patas locomotoras por segmento, que muita gente não gosta ou até tem medo.

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Esses bichinhos preferem locais escuros e úmidos debaixo de troncos ou pedras para sobreviverem. De modo geral, são lentos e se defendem de um jeito diferente: enrolando-se!

Alimenta-se de matéria vegetal em decomposição, embora possam, algumas vezes, também se alimentar de vegetais vivos, chegando a apresentar problemas sérios em hortas e estufas.

Foto: Clarice Rocha/Embrapa

A espécie é ovípara: as fêmeas depositam seus ovos em um ninho e os guardam com cuidado. As formas larvais possuem apenas um par de pernas em cada segmento.

São preocupantes?

Apesar de muitas pessoas não gostarem da aparência desses animais por serem milípedes (possuem até 100 pernas), podendo até mesmo desenvolver a entomofobia (medo racional ou irracional de insetos e aracnídeos), eles não são peçonhentos, pois não possuem órgãos inoculadores de veneno (estruturas especializadas que os animais peçonhentos utilizam para injetar suas toxinas).

No entanto, muitos milípedes também protegem-se de predadores produzindo fluidos tóxicos ou repelentes em glândulas especiais (glândulas repugnatórias), localizadas ao longo da lateral do corpo. 

Não há registros de casos fatais em humanos decorrente do contato com estas substâncias de defesa dos diplópodes. O mais comum é o surgimento de manchas enegrecidas na pele.

Gongocompostagem

Os embuás são excelentes trituradores de resíduos sólidos e podem produzir um adubo orgânico que não deixa nada a desejar do composto gerado pelas minhocas.

Quem descobriu esse fato curioso e importante para o meio ambiente foram pesquisadores da Embrapa Agrobiologia, no Rio de Janeiro, e agora a tecnologia está sendo difundida aos produtores de Roraima.

“O gongocomposto é o produto final da gongocompostagem, técnica desenvolvida pela Embrapa Agrobiologia que consiste na compostagem de resíduos orgânicos a partir do uso de gongolos – ou piolhos-de-cobra”, explicam. 

Foto: Divulgação / Embrapa

Segundo dados do projeto, a gongocompostagem funciona por meio da “parceria” entre o gongolo (o embuá) e os microrganismos presentes no solo e nos resíduos. Eles trituram os materiais, facilitando a decomposição por esses microrganismos. É por meio desta decomposição que os resíduos são transformados em adubo orgânico.

*Por Karleandria Aráujo, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

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