Pesquisa do Imazon analisou o Índice de Progresso Social (IPS) das 772 cidades da Amazônia Legal e mostra que a destruição da floresta está associada ao baixo desenvolvimento.
Um levantamento realizado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente (Imazon) revelou que o desmatamento tem uma grande importância para o desenvolvimento da região da Amazônia Legal. O estudo avaliou 45 indicadores em áreas como saúde, saneamento, moradia, segurança, educação, comunicação, equidade de gênero e qualidade do meio ambiente.
O estudo apontou que, além da média dos municípios da região ser 16% menor que a nacional, os que mais desmatam estão em um cenário ainda pior. Os 20 municípios com as maiores áreas de floresta destruídas nos últimos três anos tiveram Índice de Progresso Social (IPS) médio de 52,38, valor 21% menor que o índice do Brasil, de 63,29, e mais baixo que o da Amazônia, de 54,59.
Todos os estados da Amazônia Legal possuem IPS Amazônia 2021 piores que a média do Brasil (63,29). Mesmos aqueles com maior dinamismo econômico como Mato Grosso tiveram um IPS (57,94) inferior à média do país. Os dois piores IPS foram Pará (52,94) e Roraima (52,37).
Nenhum estado da região obteve resultado superior à média do Brasil para as dimensões Necessidades Humanas Básicas e Fundamentos para o Bem-Estar. Somente para Oportunidades, três estados – Pará, Mato Grosso e Rondônia – tiveram índices um pouco melhores que a média brasileira. Além disso, é possível constatar que há uma grande variação nos valores máximos e mínimos do IPS entre os municípios dentro dos estados da Amazônia Legal.
Entre esses 20 municípios campeões no desmatamento, a situação mais crítica é a de Pacajá (PA), que teve o menor IPS e o segundo pior de toda a Amazônia: 44,34. O município de quase 50 mil habitantes desmatou 690 km² entre 2018 e 2020, segundo o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), ficando em sétimo lugar no ranking dos que mais devastaram a floresta no período.
Além de Pacajá, outros seis municípios da lista dos 20 maiores desmatadores não conseguiram atingir 50 pontos no IPS, ficando nas 70 piores colocações entre todos os 772 municípios da Amazônia Legal. São eles: Portel (PA), Apuí (AM), Senador José Porfírio (PA), Novo Repartimento (PA), Uruará (PA) e Anapu (PA). Os dois municípios líderes no ranking do desmatamento, Altamira e São Félix do Xingu, ambos paraenses, tiveram IPS de 52,95 e 52,94, respectivamente, também abaixo das médias da Amazônia Legal e do Brasil.
O progresso social teve uma pequena redução na Amazônia em relação a 2018, quando foi realizada a última edição do IPS para a região. O índice passou de 54,64 há três anos para 54,59 em 2021. Dos 772 municípios amazônicos avaliados, 49% reduziram suas pontuações do IPS Amazônia 2021 em comparação a 2018 e outros 21% mantiveram-se estáveis. Os municípios com redução são principalmente os do interior, distantes dos centros urbanos.
Contudo houve redução no IPS em algumas cidades relevantes no mesmo período, tais como as capitais Porto Velho (RO) e Boa Vista (RR), além das cidades do interior da Amazônia como Marabá (PA), Parintins (AM) e Rolim de Moura (RO). Por outro lado, somente 30% dos municípios conseguiram aumento de IPS no período, incluindo as demais capitais da Amazônia e outros municípios com mais de 100 mil habitantes como Paragominas (PA) e Santarém (PA).
O IPS Amazônia Brasileira 2021 reúne 45 indicadores sociais e ambientais organizados em três dimensões e 12 componentes. O estudo apresenta os índices nacional, estaduais (para os nove estados da Amazônia Legal) e municipais (para as 772 cidades da região). Além disso, a pesquisa traz um perfil (scorecard) com um resumo didático do status social e ambiental de cada município.