Foto: Ésio Mendes/Arquivo Pessoal
De acordo com o MapBiomas, mais de 30,8 milhões de hectares foram queimados no Brasil entre janeiro e dezembro de 2024, uma área maior que todo o território da Itália. A ameaça maior é que cerca de 60% da área queimada em 2024 está na Amazônia.
O bioma amazônico abriga 9 estados brasileiros. Somente em Rondônia houve um aumento de 183% de focos de incêndio em comparação com período do ano anterior. O agravamento da seca, misturado com fatores naturais como El Niño, gerou o aumento das queimadas. Mas você sabia que os incêndios em Rondônia não são de agora?
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Pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e da Universidade do Vale do Taquari (Univates) identificaram sinais de células e tecidos vegetais carbonizados – ou macrocarvão – em quatro amostras de sedimentos coletados às margens do rio Madeira, em Rondônia.
É uma indicação de que a região passou por incêndios florestais há 43 mil anos, no Pleistoceno Superior, 30 mil anos antes dos primeiros registros da ocupação humana. Os incêndios podem ter começado em consequência da variação do clima e contribuído para a renovação da vegetação.
De acordo com o estudo ‘O primeiro registro de macrocarvão sedimentar para o Pleistoceno Superior da Amazônia’, publicado no Journal of South American Earth Sciences, da Science Direct, as amostras foram extraídas de quatro blocos sedimentares contendo compressões foliares previamente descritas para a localidade estudada.
“O material foi submetido aos métodos padrão para estudos de macrocarvão e a carbonização foi confirmada. Embora as características anatômicas preservadas não fossem diagnósticas para afinidades taxonômicas (provavelmente angiospermas), a presença dos registros em estratos do Pleistoceno Superior 30.000 anos antes da presença humana indica que a fonte de ignição e a disseminação foram naturalmente suportadas pelas condições paleoambientais. Este primeiro registro na área e intervalo deve servir como incentivo para esforços adicionais na busca por mais registros de paleowldfire do Pleistoceno Superior na Amazônia”, aponta o estudo no resumo de introdução.
Assim, conforme o estudo, este é um dos registros mais antigos de áreas com marcas de incêndios florestais do país.
*Com informações da Revista Pesquisa Fapesp e do estudo ‘The first record of sedimentary macro-charcoal for the Upper Pleistocene of the Amazon’