Estação Ecológica do Rio Acre. Foto: Reprodução/Estação Ecológica Rio Acre
A Estação Ecológica Rio Acre (EERA), criada por meio do decreto 86.061 de 2 de junho de 1981, fica localizada no município de Assis Brasil, no Acre, e possui uma área de 79.395,22 hectares. Além disso, a estação é uma área de proteção integral gestada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e uma das Unidades de Conservação de difícil acesso na Amazônia, o que dificulta a permanência de humanos residentes na área.
“Acerca da Estação Ecológica do Rio Acre, o primeiro aspecto importante é destacar que ela é uma unidade de conservação regulada pelo Sistema Nacional de Unidade de Conservação, que é uma lei federal que estabelece as unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável. A Estação Ecológica, juntamente com a Reserva Biológica, são as unidades de conservação mais restritivas, que quase não se pode fazer muita coisa ali”, declarou o doutor em geografia, Deivison Molinari, ao Portal Amazônia.
📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp
De acordo com Molinari, a ideia da estação é preservar a fauna e a flora para futuras gerações e para reprodução, focada em estudos, pesquisas, iniciação científica, dissertação de mestrado, tese de doutorado, trabalhos na área de biológica, de botânica, de alguma espécie animal que só tem ali, e de as espécies endêmicas.
A EERA antecede a constituição federal de 88, e possui um plano de gestão que organiza o funcionamento, o que pode ser feito e o que não pode ser feito nos limites da estação. Como se trata de uma unidade de conservação federal, ela é administrada pelo governo federal através de um órgão chamado ICM-1000 e possui quase 100% do seu território intacto.
Leia também: Saiba quantas Unidades de Conservação possuem cada Estado da Amazônia
Espécies ameaçadas de extinção encontradas na Estação Ecológica
O biólogo Nonato Amaral informa que, acerca de dados do IBAMA, apesar da reserva possuir uma área pequena em comparação com o restante do país, são encontradas no Acre cerca de 40% das espécies de mamíferos e 45% das espécies de aves do Brasil, além de 16% das espécies de animais brasileiros ameaçados de extinção.

Tatu-canastra– Apesar de ser o maior tatu existente e ter ampla distribuição geográfica, essa espécie é considerada rara e está em perigo de extinção devido à caça e à destruição de seu habitat. Na EERA, foram encontradas apenas quatro tocas do animal, cuja dieta é baseada em cupins, o que indica que sua ocorrência na reserva é pouco comum.
Macaco-preto- O animal, considerado extinto ou com baixas densidades nas UC do Acre, possui baixas taxas reprodutivas e uma necessidade de grandes áreas de vida, além de ser facilmente extinto mesmo sob uma pressão de caça moderada. Segundo Amaral, o grande número de observações do animal na EERA evidencia o grau de preservação da área, pois essa é uma excelente espécie indicadora de pressão de caça no estado do Acre.

Tamanduá-bandeira– Embora ocorra em todo o Brasil, o tamanduá-bandeira apresenta as maiores densidades populacionais no cerrado e no Planalto Central. Contudo, a intensificação do fogo e a caça predatória colocam a espécie sob ameaça em seus habitats principais. Na EERA, segundo Amaral, o tamanduá-bandeira parece ter alta abundância, tendo sido observados quatro indivíduos, além de dois rastros distintos e afastados, indicando presença significativa na área.
Soim-preto– Naturalmente raro e com distribuição restrita aos estados do Acre, Rondônia e ao trecho do rio Juruá, no Amazonas, o soim-preto não costuma ser alvo de caçadores devido ao seu pequeno porte. No entanto, sua baixa densidade populacional natural o torna vulnerável, sendo classificado pela IUCN como “Quase Ameaçado”.
Anta- De acordo com Amaral, apesar da sua ampla distribuição natural, a anta já desapareceu de diversas regiões (extinção local). Devido ao seu porte, é um animal muito visado pelos caçadores e seu hábito semi-aquático favorece a sua captura.
Leia também: Rio Acre registra 3º pior nível para o início de julho nos últimos 10 anos na capital

Lontra– A espécie foi registrada na EERA, no Igarapé do Tombo, por meio de observação direta feita por Alexandre Aleixo e pela identificação de fezes, confirmando sua presença na área.
Ariranha- Segundo Amaral, não houve registro da ariranha na EERA durante a coleta de dados, mas sua ocorrência é provável, pois a UC está inserida em sua área de distribuição e pelo registro feito pelos auxiliares de campo em expedição passada. Apesar de sua ampla distribuição, já está extinta em várias partes do País.
Onça-pintada– A destruição do habitat e a pressão de caça são as principais ameaças à sobrevivência da onça-pintada. Atualmente, grandes populações da espécie existem quase exclusivamente na floresta amazônica.
Onça-vermelha– Segundo maior carnívoro da EERA, atrás apenas da onça-pintada, a onça-vermelha também sofre com a destruição de seu habitat e a caça. De acordo com Amaral, esses animais costumam ser mortos por fazendeiros e moradores locais, geralmente mais por medo do que pelos prejuízos que possam causar a criações domésticas.
*Por Rebeca Almeida, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar (Com informações do Instituto Socioambiental)
