Dentes molares de mastodontes são doados para a Ufam em visita ao interior do Amazonas

A vazante deste ano promoveu ampliação de áreas contendo rochas passíveis de visualização direta. A condição favorece o achado de novos fósseis de organismos antigos.

Foto: Reprodução/Ufam

O setor da Paleontologia, ligado ao Departamento de Geociências do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal do Amazonas (ICE/Ufam), recebeu doação de material fossilífero encontrado às margens do Rio Juruá, na cidade de Eirunepé, a sudoeste do estado. A entrega ocorreu entre os dias 26 e 29 de outubro, durante a visita da geóloga, paleontóloga e professora da Ufam, Rosemery Rocha da Silveira, a cidade.

Segundo a docente, a ação resultou na doação de dois dentes molares de distintos mastodontes (ancestrais de elefantes) que parecem ter sido muito comuns naquela região, a julgar pelo número de achados, considerando os anteriores a essa fase, tendo registro desde formas juvenis até indivíduos adultos.

Tratativas

A professora Rosemery Rocha destacou que assim que soube do interesse dos comunitários em realizar a doação intensificou os diálogos com os doadores.

“Em geral, quando se acha um fóssil, costuma-se ser tomado por um grande entusiasmo, o que por vezes pode levar a perda total do material, ou seja, por curiosidade e tomado pelo anseio de encontrar uma grande novidade, tenta-se mobilizar o máximo dos objetos. Isso acaba retirando as informações dos detalhes das fases que aquele fóssil foi submetido até ser soterrado e transformado em rocha, que poderia ajudar a entender o paleoambientes que vivia, a idade relativa do fóssil, e mesmo se ele morreu ali ou foi transportado”, diz a professora.

Foto: Reprodução/Ufam

Rosemery Rocha explica também a necessidade de intensificar as ações paleontológicas na região, tanto do ponto de vista científico quanto no que se refere ao trabalho de conscientização sobre a proteção do patrimônio paleontológico, e lembra ainda, que a comercialização de fósseis é crime.

O Departamento de Geociências, no âmbito do Laboratório de Paleontologia e Museu de Geociências solicitam àqueles que encontrarem material fóssil, comunicar-nos por e-mail rrsilveira@ufam.edu.br e/ou WhatsApp (92)98155-0560, ou diretamente no Departamento de Geociências, Bloco 7, ICE.

Como ocorreu?

A enorme vazante deste ano promoveu ampliação de áreas contendo rochas passíveis de visualização direta. Apesar de ser um período de inúmeras dificuldades para as pessoas e demais organismos, representa uma condição que favorece o achado de novos fósseis de organismos antigos, o que pode ajudar a revelar parte da história da região onde foi encontrado.

A professora explicou o fenômeno destacando que embora não seja comum encontrar fósseis, alguns locais são mais comuns que outros para que condições propícias aconteçam, principalmente se você mora em uma bacia sedimentar e próximo a cursos de rios.

“É necessário entender que fósseis são considerados restos (por exemplo: ossos, dentes, troncos, folhas) ou vestígios (pegadas, marcas de repouso, perfurações, predações) de organismos, e que não podem ser confundidos como vestígios humanos (relacionados à arqueologia). Por anos a região de Eirunepé (AM) já atravessou estiagens significativas, uma delas em 1998, que resultou na doação para o Laboratório de Paleontologia do (DEGEO/ICE/Ufam), de diversas vértebras, dentes de diversas categorias de vertebrados, inclusive de grandes mastodontes, taxodontes, fragmentos de mandíbulas (jacarés gigantes, mastodontes, taxodontes), fragmentos de plastrão de tartarugas, ossos de patas de preguiças-gigantes”, finalizou.

*Com informações da Ufam

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