Visão panorâmica do Rio Guamá, que recebeu a barqueata da Cúpula dos Povos. Foto: Zé Netto/Cúpula dos Povos
Enquanto o Palácio das Nações Unidas se prepara para receber chefes de Estado e negociadores da COP30, movimentos sociais e comunidades de base do Brasil e do mundo se articulam de forma autônoma na Cúpula dos Povos Rumo à COP 30.
Leia também: Portal Amazônia responde: o que é a Cúpula do Clima?
Realizado em Belém, o encontro se consolida como a voz de quem está na linha de frente da crise climática, confrontando uma agenda oficial que, historicamente, privilegia o mercado e interesses corporativos em detrimento da vida e dos territórios.
🌱💻 Saiba mais sobre a COP30 aqui

Leia também: Barqueata reúne movimentos sociais em Belém durante a COP30
O diagnóstico elaborado pela Cúpula é enfático: a crise climática é, antes de tudo, uma crise de injustiça: racial, social, de gênero e colonial. Para os movimentos, se a COP30 não incorporar a agenda popular, correrá o risco de se tornar mais uma arena de validação de “falsas soluções”.
O alerta recai especialmente sobre o foco em mecanismos de mercado, como a financeirização da natureza, e sobre a ausência de responsabilização pela dívida ecológica acumulada pelos países do Norte Global e pelas grandes corporações. Sem mudanças profundas, afirmam, a Amazônia e demais biomas seguirão submetidos ao avanço do racismo ambiental e à impunidade corporativa.

O enfrentamento passa por romper com o extrativismo insustentável e garantir uma transição energética realmente justa, inclusiva e popular.
📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp
Seis eixos estratégicos
• Territórios e Maretórios Vivos: Defesa da demarcação de terras, da soberania alimentar e do reconhecimento da Natureza como sujeito de direitos.
• Reparação Histórica: Enfrentamento ao racismo ambiental, às falsas soluções e exigência de que a Dívida Ecológica seja paga.
• Transição Justa, Popular e Inclusiva: Superação da era dos combustíveis fósseis e construção de uma democracia energética pautada por saberes populares.
• Contra as Opressões: Articulação em defesa da democracia, do internacionalismo dos povos e contra a extrema-direita e os fundamentalismos.
• Cidades Justas e Periferias Urbanas Vivas: Combate ao racismo ambiental urbano e defesa da democratização do acesso a saneamento e energia.
• Feminismo Popular: Centralidade das mulheres nos territórios e defesa inegociável dos direitos sexuais e reprodutivos.
Saiba mais: Portal Amazônia responde: o que é a Cúpula dos Povos?
Carta Final
O ápice da mobilização será a construção da Carta Final da Cúpula dos Povos, documento que não se limita ao caráter protocolar. A carta nasce como uma ferramenta popular de pressão política internacional, reunindo denúncias, propostas e exigências dos movimentos sociais globais.

Forjado nas lutas e nos debates dos territórios, o texto funcionará como um mandato popular destinado a pressionar governos, corporações e a própria Organização das Nações Unidas (ONU) a romper com negociações climáticas formais e avançar rumo à Justiça Climática e ao Bem Viver.
A mensagem é direta: as soluções para a crise não nascerão das salas fechadas das COPs, mas do poder e da articulação dos povos.
No encerramento da Cúpula, em 16 de novembro, a Carta de Declaração dos Povos, construída por integrantes de mais de 1.100 entidades e movimentos de 62 países, será entregue ao embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30. Há expectativa de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteja presente na ocasião.
*Com informação da Ascom Operativo Nacional da Cúpula
