Floresta Amazônica. Foto: Arquivo BNDS
Os créditos de biodiversidade funcionam como um reconhecimento financeiro pelos benefícios que a natureza oferece gratuitamente à sociedade, e ele pode ser feito pelo Estado, pelo poder público ou pela iniciativa privada. Ele atribui valor às funções vitais dos ecossistemas, como o equilíbrio do clima, a filtragem da água e a geração de alimentos, que, embora fundamentais para a vida humana, costumam ser ignoradas nos sistemas econômicos tradicionais.
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Os créditos de biodiversidade, basicamente, constituem-se em um instrumento econômico que possibilita que, por exemplo, qualquer empresa possa apoiar ou financiar atividades que beneficiem a biodiversidade em algum local do mundo. Seja no sentido de preservar espécies animais, vegetais, da restauração da vegetação florestal, ou até na recuperação de uma área degradada’’, explicou o doutor em Geografia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Deivison Molinari, ao Portal Amazônia.
A ideia de créditos de biodiversidade parte de um princípio que está na Constituição Federal, no artigo 225, artigo ligado ao meio ambiente, que estabelece que cabe ao Poder Público e a coletividade ter um meio ambiente ecologicamente equilibrado.
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Como Conseguir os Créditos de Biodiversidade?

Uma das formas concretas de se conseguir os Créditos, é na criação de espaços protegidos como as unidades de conservação. “Um exemplo, é a modalidade de unidade de conservação RPPN, Reserva do Patrimônio Particular da Natureza, que consiste em uma área privada em que uma empresa se compromete a não desmatar e que mesmo que seja vendida continua como RPPN”, afirmou Deivison.
Ele pode ser adquirido por empresas, ONGs, ou pelo próprio Poder Público Federal, Estadual, ou Municipal.
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Benefícios dos Créditos de Biodiversidade
Além dos benefícios para o meio ambiente, os créditos de biodiversidade também oferecem oportunidades para que as empresas demonstrarem estratégias de impacto ambiental positivo ligadas a investimentos na conservação da biodiversidade e ecossistemas.

Eles podem agregar valor às empresas de cinco formas diferentes e que estão relacionadas:
- Garantia de qualidade: Oferece suporte às empresas que adquirem créditos de carbono de origem natural, assegurando que esses créditos tragam benefícios reais à biodiversidade, desde que sigam critérios rigorosos de adicionalidade e impacto comprovado.
- Uso sustentável de ecossistemas: Viabiliza o acesso contínuo e equilibrado a serviços ecossistêmicos essenciais, como a polinização, a contenção de enchentes e a manutenção da fertilidade do solo, promovendo práticas que garantam sua preservação no longo prazo.
- Reputação e compromisso ambiental: Posiciona as empresas como agentes ativos no cumprimento das metas globais do Global Biodiversity Framework (GBF), fortalecendo sua imagem sustentável diante de investidores, consumidores e colaboradores.
- Produtos com valor ambiental: Viabiliza o desenvolvimento de produtos que incorporam ganhos reais para a natureza, respondendo à crescente demanda do mercado por soluções alinhadas à conservação ambiental e à responsabilidade ecológica.
- Responsabilização por impactos residuais: Estimula as empresas a reconhecerem e compensarem os impactos que ainda restam sobre a biodiversidade, mesmo após ações para evitar, minimizar e restaurar danos, reforçando o compromisso com a regeneração ambiental.
Para garantir que os créditos de biodiversidade tenham alta qualidade e integridade, vários aspectos precisam ser considerados, incluindo governança, transparência e regulamentação; além de evidências de resultados que sejam mensuráveis e monitoráveis.
É especialmente importante ter um padrão de referência que defina a integridade dos créditos de biodiversidade e os resultados associados, bem como sistemas que permitam aos compradores fazerem declarações de credibilidade.
*com informações do Instituto Internacional para a sustentabilidade
