Contagem de pirarucu em Santa Maria do Tapará, no Pará, revela impacto da seca na região

Durante a contagem, fundamental para avaliar as condições ambientais e adaptar as estratégias, os manejadores tiveram muita dificuldade para chegar ao lago, que ficou mais distante.

Foto: Luan Robson/Sapopema

Manejadores da comunidade Santa Maria do Tapará, no Pará, e a Sapopema realizaram no dia 8 de outubro a contagem anual de pirarucus na região. A atividade, que é fundamental para o monitoramento e conservação da espécie, evidenciou a seca que está assolando a área este ano.

Considerada uma das piores dos últimos anos, a estiagem severa tem dificultado a vida das comunidades ribeirinhas e impactado diretamente a fauna aquática. Durante a contagem, os manejadores tiveram muita dificuldade para chegar ao lago, que ficou mais distante.

A contagem é uma ferramenta fundamental para avaliar as condições ambientais e adaptar as estratégias de manejo. Todos os anos, durante o período de águas baixas, os pescadores realizam contagens de pirarucus para avaliar os estoques pesqueiros e calcular a cota de captura de 30% a partir do resultado das contagens de pirarucus adultos, preservando os 70% restantes, como forma de assegurar a reprodução para fins de manutenção do seu estoque de forma sustentável. Os números servem também para indicar avanços da conservação e apontar estratégias para promover a renda dos pescadores.

Foto: Luan Robson/Sapopema

Os procedimentos utilizados para contagem de pirarucus seguem o método de Castello (2004), onde os pescadores demonstram sua habilidade de contar quando observam e escutam a boiada do pirarucu no momento em que ele vem à superfície da água realizar a sua respiração aérea.

Segundo a bióloga da Sapopema, Poliane Batista, cada pescador conta quantos pirarucus observou em uma unidade de área durante um intervalo de 20 minutos. Somente pirarucus maiores de 1 metro são contados, sendo classificados em duas categorias: juvenis (bodecos) (1-1,5 m) e adultos (>1,5 m). Os pescadores devem fazer as contagens de forma silenciosa para assegurar a acurácia das contagens e evitar que o comportamento do pirarucu seja alterado.

Nas comunidades que desenvolvem o manejo, além do cumprimento das regras de tamanho mínimo captura (1,5m) e período de defeso (IN 34/2004) estabelecidas pelo – IBAMA, os pescadores definem em seus territórios acordos de pesca que normatizam as regras válidas que restringem ainda mais o uso do recurso. Baseados nesses acordos, eles realizam vigilância dos ambientes aquáticos contra a ação de invasores.

O esforço dos comunitários para o manejo sustentável compreende diversas etapas, como a organização comunitária, respeito à legislação e estabelecimento de acordos de pesca, vigilância dos lagos, contagens, pesca sustentável e comercialização da produção. A iniciativa exige uma dedicação enorme, e muitas vezes o pescador não é devidamente valorizado.

Foto: Luan Robson/Sapopema

Feira do Pirarucu de Manejo do Pará

Em novembro, manejadores de Costa do Tapará, Santa Maria e Igarapé da Praia promoverão a 5ª edição da Feira do Pirarucu de manejo do Pará. Agora como patrimônio histórico, cultural e imaterial de Santarém, o evento deste ano será em 09 de novembro na Praça São Sebastião. Uma realização do Conselho Regional Tapará, Sapopema, Colônia de Pescadores Z-20, Mopebam, Sedap, Semap, Sebrae, e apoio da TNC.

*Com informações da Sapopema

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