O nível do Rio Madeira, em Porto Velho (RO), reduziu 35 cm entre os dias 23 e 30 de julho e chegou à marca de 2,56 m, conforme indica monitoramento do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Essa cota já é a mínima para o período. Nesta mesma época, em 2023, a cota era de 4,56 m, sendo que a média esperada seria de 5,8 m. Os dados são apresentados no Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Madeira.
Devido às precipitações abaixo da média no período chuvoso (novembro a abril), o Rio Madeira chegou a níveis muito baixos antes da época prevista. O cenário deve continuar a se agravar até o início da estação chuvosa e a seca pode ser tão severa quanto o observado em 2023, quando o Madeira registrou a cota mais baixa da história: 1,10 m, no dia 6 de outubro.
“Como não há previsão de chuvas significativas, nossos modelos hidrológicos de chuva-vazão preveem a continuidade da vazante pelas próximas semanas. Em termos de níveis mínimos, a situação deve ser pelo menos tão grave quanto os últimos anos têm sido, com cotas frequentemente atingindo níveis abaixo de 2 m”, explica o pesquisador em geociências do SGB, Marcus Suassuna, responsável pelo Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Madeira.
Suassuna destaca que outra preocupação é em relação ao tempo em que a estiagem se prolongará.
“O rio chegou em níveis baixos muito cedo e, se houver um atraso no início da estação chuvosa, o Madeira pode permanecer por muito tempo com restrições à navegação, o que pode provocar impactos para a disponibilidade hídrica e principalmente para a navegação”.
O Madeira é uma das principais hidrovias do país, usada para transporte fluvial de carga e de passageiros. As previsões do SGB são essenciais para apoiar gestores públicos na tomada de decisões que visem reduzir os impactos da seca na região.
Desde março, esses dados têm sido apresentados em reuniões interinstitucionais e divulgados para a população. Além disso, em Porto Velho, o SGB também realiza estudos para identificar os melhores locais para a perfuração de poços destinados ao abastecimento público, de modo a garantir água de qualidade para a população.
*Com informações do SGB