Cheia em Manaus deve atingir ápice em duas semanas, mas não supera recorde histórico, aponta Serviço Geológico do Brasil

Embora a cheia deste ano seja considerada de grande impacto, o nível do Rio Negro deve permanecer abaixo da cota de inundação severa.

Impacto da cheia na cidade de Manaus. Foto: Jochen Schongart/INPA

A cheia do Rio Negro em Manaus deve atingir o ápice dentro de duas semanas, mas não há previsão de que o nível da água ultrapasse o recorde histórico de 30,02 metros, registrado em 2021. A projeção consta no 3º Alerta de Cheias da Bacia do Amazonas de 2025, divulgado no dia 30 de maio pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB).

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Além da capital amazonense, o monitoramento hidrológico do SGB abrange os municípios de ManacapuruItacoatiara e Parintins. Segundo o órgão, embora a cheia deste ano seja considerada de grande impacto, o nível do Rio Negro deve permanecer abaixo da cota de inundação severa, fixada em 29 metros. A previsão é de que a cota máxima em Manaus fique em torno de 28,84 metros.

Cheia em Manaus
Registro da cheia no porto de Manaus. Foto: Alberto César Augusto

Em Itacoatiara, o Rio Amazonas já ultrapassou a cota de inundação, mas a probabilidade de atingir os níveis extremos de 2021 é de menos de 1%, conforme destacou a pesquisadora do SGB, Jussara Cury. A expectativa é de que o município atinja o pico da cheia já na próxima semana.

Leia também: Cheia do rio Madeira em 2025 já afeta mais de 8 mil pessoas em Porto Velho

Confira as previsões da SGB para os municípios:

Manaus – Rio Negro

Em 30 de maio, o Rio Negro está com a cota de 28,53 metros. Ele apresenta 35% de chance de alcançar a marca de inundação severa, mas sem passar de 29,16 metros segundo a projeção. A possibilidade atingir a cota máxima registrada na história é de menos de 1%.

  • 🔴 Cota máxima registrada (2021): 30,02m
  • 🟠 Cota de inundação severa: 29,00m
  • 🟡 Cota de inundação: 27,50m
  • ⚪ Cota de alerta: 27,00m
Cheia em Manaus
Rio Negro, em Manaus. Foto: Michel Castro/Rede Amazonica

Manacapuru – Rio Solimões

O Rio Solimões atingiu a marca de 19,34 metros, no dia 29 de maio e, no ápice, deve chegar a 19,67 metros. O SGB projeta que há 65% de chances de ocorrer uma inundação severa e, caso ocorra, o nível máximo a ser atingido seria 19,94 metros. As chances de atingir a cota máxima registrada na história é de menos de 1%.

  • 🔴 Cota máxima registrada (2021): 20,86m
  • 🟠 Cota de inundação severa: 19,60m
  • 🟡 Cota de inundação: 18,20m
  • ⚪ Cota de alerta: 17,70m
Cheia em Manaus
Cheia no Rio Solimões. Foto: Divulgação

Itacoatiara – Rio Amazonas

No município, o Rio Amazonas está na marca de 14,35 metros nesta sexta e já ultrapassou a cota de inundação severa. O órgão apontou que há menos de 1% de chance de se atingir a cota máxima registrada e que no pico da cheia o rio fique na média de 14,45 metros.

  • 🔴 Cota máxima registrada (2021): 15,20m
  • 🟠 Cota de inundação severa: 14,20m
  • 🟡 Cota de inundação: 14,00m
  • ⚪ Cota de alerta: 13,50m
Cheia do Rio Amazonas. Foto: Agência Brasil

No município, o Rio Amazonas está na marca de 14,35 metros nesta sexta e já ultrapassou a cota de inundação severa. O órgão apontou que há menos de 1% de chance de se atingir a cota máxima registrada e que no pico da cheia o rio fique na média de 14,45 metros.

  • 🔴 Cota máxima registrada (2021): 15,20m
  • 🟠 Cota de inundação severa: 14,20m
  • 🟡 Cota de inundação: 14,00m
  • ⚪ Cota de alerta: 13,50m

Leia também: Governo do Acre decreta situação de emergência por conta da cheia dos rios

Situação de emergência

A cheia que atinge o Amazonas avança e já atinge 85.940 famílias, aproximadamente 343.748 mil pessoas impactadas diretamente, segundo a Defesa Civil do estado, durante a divulgação do 3º Alerta de Cheias, nesta sexta. As nove calhas de rios do Amazonas seguem em processo de cheia, com picos variados previstos entre março e julho.

Cheia dos rios. Foto: Governo de Rondônia

De acordo com os decretos municipais, dos 62 municípios amazonenses, 29 estão em situação de emergência, 28 em alerta, três em atenção e dois em normalidade. No dia 27 de maio, o município de Tefé saiu da situação de alerta para situação emergência.

Confira a lista dos 29 municípios que estão em situação de emergência:

  1. Humaitá – Rio Madeira
  2. Apuí – Rio Madeira
  3. Manicoré – Rio Madeira
  4. Boca do Acre – Rio Purus
  5. Guajará – Rio Juruá
  6. Ipixuna – Rio Juruá
  7. Novo Aripuanã – Rio Madeira
  8. Benjamin Constant – Rio Solimões
  9. Borba – Rio Madeira
  10. Tonantins – Rio Amazonas
  11. Itamarati – Rio Juruá
  12. Eirunepé – Rio Juruá
  13. Atalaia do Norte – Rio Solimões
  14. Careiro – Rio Solimões
  15. Santo Antônio do Içá – Rio Solimões
  16. Amaturá – Rio Solimões
  17. Juruá – Rio Solimões
  18. Japurá – Rio Amazonas
  19. São Paulo de Olivença – Rio Solimões
  20. Jutaí – Rio Jutaí
  21. Careiro da Várzea – Rio Solimões
  22. Maraã – Rio Japurá
  23. Anamã – Rio Amazonas
  24. Carauari – Rio Juruá
  25. Fonte Boa – Rio Solimões
  26. Itapiranga – Rio Amazonas
  27. Nova Olinda do Norte – Rio Madeira
  28. Urucurituba – Rio Amazonas
  29. Tefé – Rio Solimões

Além dos municípios em emergência:

  • Três estão em estado de atenção;
  • 29 em alerta;
  • e dois em normalidade.

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Impactos

A cidade de Anamã, no interior do Amazonas, está com 70% do território alagado pela cheia do Rio Solimões e cerca de 1,7 mil famílias estão sendo afetadas, informou a Defesa Civil Municipal nta terça-feira (27). Anamã é um dos 29 municípios em situação de emergência.

De acordo com a prefeitura, 800 famílias na sede do município já estão sofrendo os impactos causados pelo alto nível do Rio Solimões. Já em 22 comunidades da zona rural, 997 famílias estão sendo afetadas.

“As principais dificuldades são as locomoções. Pra gente sair mesmo de casa fica mais difícil. Para quem tem canoa fica bom, para quem não tem não fica complicado”, relatou o agricultor Leandro Ribeiro.

Por Sabrina Rocha, g1 AM

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