Você sabia que caranguejos e camarões podem ser encontrados no campus da UFAM em Manaus?

O campus da Universidade Federal do Amazonas, com cerca de 700 hectares de floresta urbana, abriga não apenas aves, esquilos ou jacarés, mas surpreende abrigando também camarões e caranguejos.

Camarões e caranguejos são encontrados na UFAM. Foto: Fabio Godoi

A biodiversidade da Amazônia costuma ser associada a espécies como o boto, a onça-pintada e a vitória-régia. Mas em fragmentos da floresta em meio à cidades como Manaus (AM) é possível encontrar espécies comuns em áreas mais silvestres? O campus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com cerca de 700 hectares de floresta urbana, abriga não apenas aves, jacarés ou até esquilos, mas surpreende abrigando também camarões e caranguejos.

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O campus, considerado a maior floresta urbana do Brasil, funciona como laboratório natural para estudos. De acordo com o livro ‘Fauna e Flora da Universidade Federal do Amazonas: A maior biodiversidade urbana do Brasil’, organizado por Claudia Guerra Monteiro, Edinbergh Caldas de Oliveira e Edmilson Bruno da Silveira, a área mantém ecossistemas que suportam diversas comunidades de organismos, como os crustáceos. 

“Nossa missão é tentar resgatar a qualidade da água e dessa forma tentar manter a diversidade que temos de mais de 40 espécies de peixes e pelo menos 20 espécies de crustáceos entre camarões, caranguejos, pulgas da água e de tatuzinho-de-jardim”, afirmou o doutor em biologia, Edinbergh Caldas de Oliveira, ao Portal Amazônia

O que são crustáceos ? 

Os crustáceos são invertebrados predominantemente aquáticos, compostos pelos camarões, caranguejos, siris e lagostas, que apesar de sua maioria ser encontrada em ambiente marinho, também estão presentes em rios, lagos, igarapés e até no solo.

No campus da UFAM, os pesquisadores registraram espécies variadas, como tatuzinhos-de-jardim, pulgas-d’água, camarões e caranguejos.

Leia também: 6 curiosidades da fauna e flora da UFAM que você não conhecia

Os caranguejos e camarões na UFAM

A presença de camarões e caranguejos na UFAM se dá devido aos igarapés e corredores ecológicos da região, já que eles funcionam como refúgio para as espécies. Os camarões, por exemplo, são abundantes e possuem um papel importante na ecologia de ambientes aquáticos, como principal alimento dos peixes. 

Camarões são encontrados na Ufam
Foto: Fabio Godoi

O caranguejo de água doce, crustáceo semi-terrestre encontrado em rios e pequenos igarapés, utiliza a terra firme para construir suas tocas e procurar alimento, explorando tanto a água quanto a margem dos igarapés, ajudando a amaciar o solo e a circular nutrientes.

um dos crustáceos encontrados na Ufam
Foto: Fabio Godoi

De acordo com Oliveira, a presença desses animais é um indicador de qualidade ambiental, já que muitos crustáceos são sensíveis a mudanças bruscas no ecossistema, como poluição ou alteração do fluxo da água.

“A presença indica melhor funcionamento das diversas relações ecofisiológicas desses já bastante assoreados igarapés devido aos impactos causados pela urbanização desordenada do entorno da área do campus da UFAM”, afirmou Edinbergh de Oliveira ao Portal Amazônia. 

Leia também: Especialista explica diferença entre camarões de água doce e de água salgada

Importância ecológica dos crustáceos

A função dos crustáceos no ecossistema consiste em consumir matéria orgânica em decomposição, ajudando a reciclar elementos essenciais para o funcionamento da cadeia alimentar. Além disso, eles são fonte de alimento para peixes, aves, anfíbios e até mamíferos que circulam pelo campus.

“Os crustáceos são de suma importância para o equilíbrio da fauna Aquática, pois constituem o elo entre peixes e outros vertebrados como jacarés, por meio da teia alimentar, sendo alimento de peixes, atuando como consumidores de invertebrados menores, além de recicladores de detritos e algas presentes nos igarapés. Colaborando assim para manter o equilíbrio desse ecossistema”, afirmou Oliveira. 

Preservação da área 

A área da UFAM sofre com pressões constantes, devido ao avanço urbano, a poluição e até o desmatamento em áreas vizinhas. Além disso, a poluição dos esgotos e as construções de prédios próximo das nascentes dos 17 igarapés do campus da Ufam são grandes ameaças à vida dos crustáceos. 

Área da Ufam. Foto: Reprodução/ Universidade Federal do Amazonas

Dessa forma, de acordo com Oliveira, é preciso criar parcerias para retirar o lixo que todo dia é jogado na área verde do entorno da área do campus pelos moradores e até por empresas.

A fauna e a flora da Ufam 

O livro ‘Fauna e Flora da Universidade Federal do Amazonas: A maior biodiversidade urbana do Brasil’ reúne fotos e informações abrangentes da biodiversidade do campus. O capítulo sobre crustáceos, ajuda a refletir sobre a importância dos ‘pequenos habitantes’ que, muitas vezes, passam despercebidos. 

“Precisamos urgente preservar a biodiversidade do nosso fragmento florestal da UFAM onde é considerada a maior biodiversidade em área urbana do Brasil, um pequeno pedaço do que é nossa Amazônia em um fragmento cercado por cidade e bastante impactado”, concluiu Oliveira. 

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