“Melhor prevenir do que remediar”: biólogo dá dicas para evitar ataque de cobras

O biólogo Gabriel Masseli explica que a primeira coisa a se fazer é buscar manter a calma e se afastar do animal pelo menos dois metros. Em seguida, deve-se procurar os órgãos competentes para a retirada do animal do local.

Com mais de 11 milhões de quilômetros quadrados, Manaus (AM) é cercada por uma densa floresta e possui diversas áreas de mata espalhadas no perímetro urbano. Por esse motivo, fica fácil o encontro dos habitantes com as mais diferentes espécies de animais, como por exemplo, as cobras. E não é incomum os noticiários registrarem encontros com esses répteis de tempos em tempos. 

Foto: Jéssica dos Anjos

De acordo com informações da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), em 2021 foram registrados 2.144 ataques de cobras no Amazonas.

O Portal Amazônia conversou com o biólogo e pesquisador doutorando do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Gabriel Salles Masseli, para entender mais sobre o comportamento destes animais e como agir ao se deparar com alguma espécie de cobra.

Segundo Masseli, o comportamento da cobra depende uma série de fatores que vão desde as características do ambiente até uma reação defensiva caso se sinta ameaçada. “Depende muito da espécie e do que está acontecendo com ela. As cobras não atacam qualquer coisa. Ela vai dar o bote apenas se quiser se alimentar ou se defender”, destacou.

E não existe um horário específico para as cobras “andarem” pela natureza. Algumas espécies possuem o hábito diurno, enquanto outras possuem o hábito crepuscular. Ou seja, não é possível definir um horário certo para evitar o encontro com uma cobra transitando pela floresta.

O biólogo Gabriel Salles Masseli. Foto: Gabriel Masseli/Arquivo Pessoal

Cuidados

Gabriel Masseli diz que a precaução é a principal arma para evitar acidentes. Se você vai para alguma área de mata ou trabalha em um ambiente cercado por floresta, o ideal é calçar sapatos fechados ou botas. Outra dica é caminhar pelas trilhas e redobrar atenção no caminho a ser seguido. Andar de noite? Só se for com uma lanterna.

Sobre cobras aparecendo em residências, o biólogo pede para que as pessoas mantenham suas casas limpas e sem a presença de ratos, pois esses roedores podem se tornar alimentos para as cobras.

“É aquela velha história: melhor prevenir do que remediar. Porém, o que podemos adiantar é que a culpa é da espécie humana. Devido a expansão da cidade em direção a floresta, estamos entrando no ambiente dela”, afirmou o biólogo.

Não tente manipular serpentes com a mão. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Distância

Avistou uma cobra? Masseli indica que o ideal é manter uma distância de pelo menos dois metros. “Pode ter certeza que a cobra não vai fazer nada”, assegura. Ele destacou ainda, que muitos ataques de cobras acontecem por causa da falta de atenção. “A pessoa não visualiza a cobra e acaba pisando nela, então, o animal se defende do invasor”, explicou.

O biólogo ainda orienta que as pessoas não tentem sugar o veneno do corpo da vítima em casos de picadas de cobras. “A toxina já vai ‘tá’ rodando no sistema circulatório. [Sem contar que] se o veneno entrar em contato com a mucosa ou ferimentos na boca, a pessoa que suga também pode sofrer com a ação do veneno. Atitudes como administrar remédios, colocar produtos no ferimento ou fazer cortes podem piorar a situação da vítima”, explicou o profissional.

A reação pode depender da espécie. Por exemplo, as cobras peçonhentas elas podem ao dar o bote inocular o veneno ou não (bote seco), enquanto as cobras não peçonhentas irão morder ou dar um bote (ameaçar morder para afugentar a pessoa que está causando o estresse). “A regra é muito simples, apenas se afaste e evite contanto com o animal”, recomendou o biólogo.

Foto: Alexandre Pinheiro de Almeida/Projeto Sisbiota

Quem procurar?

Uma cobra apareceu na sua casa ou ambiente de trabalho/ensino e você não sabe o que fazer? A primeira coisa é manter a calma e se afastar do animal. Em seguida, ligue para um desses órgãos competentes:

Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS) – (92) 3236-7060

Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) – (92) 3659-1822

Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) – 193

Batalhão Ambiental (BPAmb/PMAM) – (92) 98842-1841

Agora, em caso de mordidas o ideal é procurar auxílio médico imediato. Em Manaus, o local de referência para ataques de animais peçonhentos é a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, localizada na Avenida Pedro Teixeira, s/n – Dom Pedro. Informações pelo telefone (92) (92) 2127-3555. Já para o interior do Amazonas, os hospitais locais contam com o soro antiofídico.

Foto: Reprodução/Fundação de Medicina Tropical

Crime

Masseli reitera o apelo de que as pessoas não podem matar as cobras, porque matar animal silvestre é crime. O ato contra a vida da fauna brasileira é considerado crime com base na Lei Federal de Crimes Ambientais 9.605, e também previsto na Lei Federal de Proteção à Fauna 5.197.

“Tire uma foto da serpente. Hoje em dia todo mundo tem um celular. Se você matar uma cobra e levá-la para o hospital, talvez a pessoa responsável pelo atendimento não consiga identificar a espécie e vai se guiar pelos sintomas, ou seja, o sacrifício será sido em vão”, alertou.

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