Benefícios representam 50% da renda de famílias de reservas extrativistas no Amazonas

Foto: Reprodução/ISA

Nas reservas extrativistas do Amazonas, muitas comunidades ribeirinhas ficam distantes dos centros urbanos e mais próximas da floresta. E é das matas e dos rios que vêm grande parte dos produtos para subsistência e para a comercialização das famílias, conjunta a esta atividade, os benefícios do Governo são uma contribuição relevante na renda das famílias. Este é um dos resultados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Mamirauá. Os dados demonstram que os benefícios representaram cerca de 50% da renda média anual das famílias das duas unidades de conservação analisadas. Uma parte destes resultados será apresentada durante evento realizado na sede do Instituto em Tefé (AM), entre 3 e 7 de julho.

Os dados avaliados são dos anos de 2013 e 2014 e compõem os resultados parciais do levantamento socioeconômico das Reservas Extrativistas Auatí-Paraná e Rio Jutaí, realizado por pesquisadores do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. “Além de trazer informações básicas acerca da organização socioeconômica dessas comunidades, a pesquisa pode ajudar a perceber os impactos das as políticas públicas, além de entender a composição da renda dessas famílias”, afirma a pesquisadora do Instituto Mamirauá, Juliana Chacon.

Nas duas reservas, os benefícios – como aposentadoria, seguro defeso, bolsa família, bolsa floresta e seguro maternidade, entre outros – são a maior contribuição para a renda das famílias. Eles representam 50% da renda média domiciliar na Resex Auatí-Paraná, seguido dos salários provenientes de cargos da prefeitura (23%); e 47% da renda da população da Resex Rio Jutaí, seguido da agricultura, que representa 32% da renda. Os benefícios do Governo alcançaram 98% das famílias na primeira unidade de conservação e 97% das famílias na segunda, naquele ano.

Mesmo com a contribuição dos benefícios, o valor médio da renda per capta está entre R$279,00 em Auatí-Paraná e R$164,00 no Rio Jutaí. Enquanto a despesa média per capta mensal é de R$261,00 e de R$163,00, consecutivamente. A maior despesa das famílias das duas localidades foi com rancho, como é chamada regionalmente a compra de materiais de limpeza, de higiene pessoal e itens de alimentação.

Localizada na confluência dos rios Solimões e Japurá, e está inserida nos municípios de Fonte Boa, Japurá e Maraã, no estado do Amazonas, a Reserva Extrativista Auati-Paraná foi criada em 2001. A Reserva Extrativista Rio Jutaí, faz parte do município de mesmo nome, foi criada em 2002 e está localizada no alto Solimões. O último plano de manejo das duas unidades de conservação é de 2011. De acordo com a pesquisadora, os dados socioeconômicos também podem contribuir para a atualização do documento.

Entre as atividades produtivas que mais se destacaram estão o manejo participativo de pesca e a produção de farinha. “É possível perceber a pesca como atividade acoplada ao modo de viver das pessoas desse local, com representatividade nos rendimentos e importância para subsistência”, comentou Juliana.

Também está contemplado pela pesquisa o levantamento socioeconômico das áreas do entorno do município de Tefé (AM), que será realizado até o ano que vem. Essa pesquisa conta com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para pagamento de bolsas de estudo.

Simpósio

A exposição do trabalho acontece no 14º Simpósio sobre Conservação e Manejo Participativo na Amazônia, que é realizado anualmente pelo Instituto e reúne pesquisadores e especialistas para minicursos, palestras e apresentações. Neste ano, o evento acontece entre 5 e 7 de julho. Antecedem a sua programação o 3º Seminário do projeto Mamirauá – Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Unidades de Conservação (BioREC) nos dias 2 e 4 de julho. Os eventos serão realizados na sede do Instituto em Tefé, no Amazonas.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Acre fecha setembro com mais de 3,8 mil focos de queimadas e supera 2023

O município que mais queimou no Acre foi Feijó, com 922 focos captados pelo Inpe. Logo depois está o município de Tarauacá, com 624.

Leia também

Publicidade