Animais silvestres amazônicos precisam andar em grupos; entenda o por quê

Viver em comunidade no reino animal é muito importante para a preservação da espécie. Diversos registros de famílias silvestres já foram feitos este ano em Rondônia.

Na natureza, cada ser vivo é responsável por manter o ecossistema funcionando em equilíbrio e quando se pensa em grupos a responsabilidade é ainda maior. Em Rondônia, o aparecimento e registro de famílias de animais silvestres está se tornando comum.

Assim como para os humanos, a família é muito importante para o reino animal. Viver em comunidade para os animais silvestres não é só para a reprodução, mas também é fundamental para existência da espécie.

Para o biólogo Flávio Terassini, a família na natureza facilita a obtenção de alimentos, já que se um indivíduo encontrar um alimento, os outros já terão o que comer. O especialista destaca que, em sua maioria, os grupos familiares são lideradas por um macho alfa.

“Geralmente tem o macho alfa que vai proteger aquele grupo; Nós temos grupos de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris), que podem ter até 50 indivíduos, sendo um macho alfa, que é aquele que vai proteger o grupo”, explica.

O biólogo diz que são diversos os animais que vivem em família, no bioma amazônico, dentro deste meio ele destaca os primatas, que já foram vistas manadas de até 100 indivíduos, com até três espécies diferentes de macaco: o macaco-prego, o saimiri e o macaco-aranha. Eles buscam lugares que tenham alimentos, um local de abrigo e espaço onde constituir uma nova família através da reprodução.

Família de primatas Zogue-zogue (Plecturocebus bernhardi) Alta Floresta do Oeste — Foto: Projeto Hapia/Carlos Tuyama — Foto: Projeto Hapia/Carlos Tuyama
 Foto: Carlos Tuyama/Projeto Hapia

Desequilíbrio ambiental

O viver em comunidade no reino animal, também tem um papel importante para a preservação da espécie, já que a formação da comunidade, facilita a proteção dos animais contra predadores naturais, encontrar alimento, se reproduzir e manter a espécie viva e preservada.

Com o desaparecimento destas famílias, o meio ambiente e ecossistema entram em colapso, pois muitas dessas espécies são fundamentais para a fauna e a flora. O biólogo explica que o desaparecimento desses bandos, gera um problema ambiental que desencadeia uma pirâmide ambiental, onde alguns animais são a base alimentar de outros maiores.

Fotos: João Pedro Salgado

Flávio Terassini diz, que animais como as capivaras e a cutia, são naturalmente alimentos para a onça. Se ocorrer o desaparecimento desses roedores, a onça começa a procurar outro alimento, causando assim um desequilíbrio.

Animais como a Cutia ainda tem outra função para o equilíbrio do meio ambiente, assim como as antas, o roedor é uma ‘Jardineira das florestas’. Eles ajudam a equilibrar a flora da floresta com a dispersão de sementes de árvores nativas.

“ Poucas árvores vão nascer, as onças vão começar a ficar com fome, e isso porque desaparece uma espécie [cutia]. Então você tem ali um problema ambiental generalizado, levando à extinção de muitas outras espécies. Dessa pirâmide alimentar”, finaliza.

Cutia (Dasyprocta) uma das 'Jardineiras da Floresta' — Foto: Projeto Hapia/Carlos Tuyama
Foto: Carlos Tuyama/Projeto Hapia

Registrando famílias

O registro da vida silvestre também é realizado por profissionais que se dedicam em capturar a fauna silvestre. Esse é o caso do fotógrafo e pesquisador Carlos Tuyama, integrante do Projeto Harpia. O profissional diz, que viu na fotografia um modo de documentar as diversas espécies no bioma Amazônico.

Ao grupo Rede Amazônica, o fotógrafo contou que a paixão pela fotografia começou ainda na adolescência, mas foi há uns 10 anos que realmente começou a fotografar e evoluir. Se dedicando principalmente à fotografia de vida selvagem.

Carlos e sua esposa, são voluntários do Projeto Harpia, um programa nacional de conservação de espécie ameaçada. Por meio deste projeto, Carlos conseguiu várias oportunidades de acesso ao habitat de diferentes representantes da fauna silvestre.

Fotógrafo e pesquisador, Carlos Tuyama — Foto: Reprodução/redes sociais.
Foto: Reprodução/redes sociais – Carlos Tuyama

“Isso tem nos possibilitado várias atividades em porções de florestas conservadas, então para quem busca registrar imagens da fauna amazônica, é como unir o útil ao agradável”, destaca o fotógrafo.

Para Carlos, é uma grande alegria registrar filhotes de animais, ainda mais quando eles estão acompanhados por sua mãe ou pai, pois isso quer dizer que essa espécie está conseguindo se reproduzir e manter consequentemente a linhagem para as gerações futuras.

O fotógrafo explica que quando identifica animais em locais de florestas alteradas e empobrecidas, o registro se torna ainda mais importante por constatar que eles estão conseguindo se reproduzir, mesmo em condições que não são ideais.

“O avistamento se torna ainda mais importante, pois se trata de paisagens bem diferentes daquela que o animal está adaptado no seu processo evolutivo. Em lugares assim, constatar que eles estão tendo sucesso na reprodução, é alentador”, enfatiza Carlos.

O fotógrafo destaca, que ainda existem animais como a Harpia e outras águias florestais, que por estarem no topo da cadeia alimentar, são exigentes.

“Esses, por serem predadores de topo de cadeia, são ainda mais exigentes no processo de reprodução e normalmente estão entre os animais mais ameaçados de risco de extinção” , destaca.

A lista de registro de Carlos é bem extensa, indo de Harpias que é o foco de seus registros, até primatas. Os modos de busca e captura são diversos. Já foram usadas câmeras convencionais, drones e câmeras traps, que significam armadilhas fotográficas.

Confira algumas fotografias registradas por Carlos Tuyama para o Projeto Harpia:

*Por Mateus Santos, da Rede Amazônica RO

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