Amazônia registra maior área queimada desde o início do ‘Monitor do Fogo’

Em 2024, a Amazônia teve 17,9 milhões de hectares queimados. Essa é a maior área registrada desde 2019.

Queimadas na cidade de Altamira, no Pará. Foto: Victor Moriyama/Greenpeace

Em 2024, a Amazônia teve 17,9 milhões de hectares queimados. Essa é a maior área registrada desde 2019 quando o Monitor do Fogo, iniciativa da rede MapBiomas Fogo coordenada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), iniciou suas medições e confirma um crescimento de 67% na área queimada na floresta amazônica.

Em 2024, a Amazônia registrou a maior área queimada dos últimos seis anos, consolidando-se como o bioma mais afetado pelas chamas no Brasil. Foram 18 milhões de hectares consumidos pelo fogo, o que representa 58% de toda a área queimada no país e um aumento de 67% em relação a 2023. Esse crescimento expressivo concentra-se, em grande parte, nas áreas queimadas no Estado do Pará, que liderou o ranking nacional com 7,3 milhões de hectares. No bioma Amazônia, a área de floresta afetada pelos incêndios superou as queimadas nas áreas destinadas ao uso agropecuário, chegando a aproximadamente 8 milhões de hectares – um volume que equivale a 44% de toda a área queimada.

Leia também: Fogo teve alta de 64% em florestas públicas não destinadas em 2024

“A floresta amazônica enfrentou um aumento significativo nas queimadas devido a uma combinação de fatores humanos e climáticos, especialmente em função do fenômeno El Niño, que teve início em meados de 2023. Essa condição reduziu as chuvas na região amazônica e intensificou o período de seca, ocasionando um solo menos úmido e uma vegetação mais vulnerável às queimadas, sejam elas acidentais ou propositalmente iniciadas. Embora a seca, por si só, não seja a causa do aumento das queimadas, ela potencializa as queimadas originadas por ação humana, como o desmatamento e a grilagem para expansão de áreas produtivas”, explica Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM. 

No contexto estadual, Tocantins e Maranhão possuem territórios abrangendo tanto o bioma Amazônico quanto o Cerrado, que foram os dois biomas mais afetados pelos incêndios em 2024. 

Foto: Reprodução/IPAAM

“As diferenças no perfil de áreas queimadas na Amazônia e no Cerrado refletem as particularidades ecológicas de cada bioma, influenciando as estratégias de prevenção. Na Amazônia, o fogo afetou predominantemente áreas de florestas nativas em 2024. Já no Cerrado, o fogo ocorreu principalmente em áreas de formações savânicas, que são ecossistemas adaptados ao fogo, mas que, em excesso, sofrem degradação. Essas diferenças sugerem que a Amazônia demanda esforços focados na fiscalização do desmatamento e controle de atividades ilegais, enquanto o Cerrado requer estratégias voltadas para o manejo integrado do fogo e na conservação das áreas naturais”, aponta Vera Arruda, pesquisadora do IPAM. 

Floresta em chamas

As formações florestais foram a formação natural mais atingida pelas chamas, com uma área atingida de 7,6 milhões de hectares em 2024 – 3,2 vezes a mais do que no ano anterior. O fogo afetou, principalmente, áreas do sudeste paraense, na fronteira do bioma amazônico com o Cerrado, e parte do Estado de Roraima. 

Leia também: Saiba como estão divididas as regiões de integração dos municípios do Pará

“Chama a atenção a área afetada por incêndios florestais em 2024. Normalmente, na Amazônia, a classe de uso da terra mais afetada pelo fogo tem sido historicamente as pastagens. Em 2024 foi a primeira vez desde que começamos a monitorar a área queimada que essa lógica se inverteu. A floresta úmida passou a representar a maioria absoluta da área queimada, sem dúvida um fato preocupante visto que uma vez queimada, aumenta a vulnerabilidade e a chance dessa floresta queimar novamente”, afirma Ane Alencar diretora de Ciência do IPAM e coordenadora da iniciativa Mapbiomas Fogo.

Além disso, 6,7 milhões de hectares de pastagens do Brasil foram atingidos pelas chamas em 2024, um aumento de 31% em relação a 2023, e avançou principalmente sobre áreas da Amazônia, 41% dos pastos queimados no Brasil. Áreas de agricultura totalizaram 1 milhão de hectares queimados, 198% a mais do que no ano anterior.

Estados e municípios

Todos os estados que mais queimaram em 2024 registraram grandes avanços do fogo em 2024. Na Amazônia, ainda ressecada pelas estiagens de 2023 e 2024, Pará e Roraima aumentaram suas áreas queimadas em 87% e 66%, respectivamente.

Leia também: Incêndios na Amazônia queimaram área 10x maior do que a de desmatamento, aponta estudo

No Mato Grosso, que reúne Amazônia, Cerrado e Pantanal, a área queimada chegou a 6,8 milhões de hectares queimados, atingindo principalmente áreas de vegetação nativa como florestas, savanas e campos alagados, que queimaram juntos 4,7 milhões de hectares. O Estado ocupa a segunda posição na lista após um aumento de 198% na sua área afetada pelo fogo, impulsionado por secas severas, mudanças climáticas e desmatamento. A situação pode se agravar com a aprovação de uma lei estadual que reduz parte da reserva legal do bioma Amazônia de 80% para 35%, aumentando o risco de desmatamento em 5,5 milhões de hectares e comprometendo a biodiversidade, o clima e a produtividade agrícola.

*Com informações do IPAM
 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

1° do Norte: autor amapaense Gian Danton recebe principal título dos quadrinhos no país

Com mais de 30 anos de carreira, Gian Danton consolida posição de Mestre do Quadrinho Nacional entre os principais nomes do país. Título é considerado o mais importante do Prêmio Angelo Agostini.

Leia também

Publicidade