Amazonas tem pior índice de queimadas para outubro dos últimos 25 anos

Desde setembro, o Amazonas decretou emergência ambiental por conta do avanço das queimadas no Estado. Somando os meses de setembro e outubro, são mais de 9 mil no período.

Fumaça de queimadas encobre o Amazonas. Foto: Reprodução/Inpe

O Amazonas tem o pior outubro de queimadas dos últimos 25 anos. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e leva em consideração o monitoramento feito desde 1998, quando o órgão começou a série histórica.

Desde setembro, o Estado decretou emergência ambiental por conta do avanço das queimadas. Somando os meses de setembro e outubro, são mais de 9 mil no período.

Em números exatos, até a quarta-feira (11), o Estado contabiliza 2.704 focos de calor só em outubro, número que, inclusive, pode duplicar se o ritmo de incêndios continuar acelerado como atualmente.

O recorde era, até então, 2009. Naquele ano, o Amazonas registrou 2.409 queimadas. Nos 25 últimos anos, esse número variou entre 82 e 2 mil focos de calor durante o mês.

Queimadas se intensificam no Sul do Amazonas. Foto: Alexandro Pereira/Rede Amazônica

No entanto, apesar dos dados assustadores de queimadas em outubro, setembro ainda desponta como o mês que mais registrou focos de calor no Amazonas, em 2023. Foram quase 7 mil. Já o consolidado total do ano ultrapassa os 17,5 mil.

Dos 10 municípios que mais queimam a Amazônia Legal durante o mês de outubro, metade são do Amazonas. Lábrea, inclusive, lidera o ranking com 344 focos de calor. Em seguida aparece Boca do Acre, com 267.

Ainda na lista, aparecem Novo Aripuanã, com 249 queimadas, e Autazes, com 236. Apuí também desponta no monitoramento, em sétimo lugar, com 162 incêndios. Os municípios estão localizados no Sul do estado, conhecido como “arco do fogo”, devido a forte presença da agropecuária.

Manaus respira fumaça 

Desde a quarta-feira (11), Manaus está encoberta por uma “onda de fumaça” decorrente de queimadas que vem ocorrendo nos municípios de Autazes e Careiro, segundo o Ibama. A situação, inclusive, levou universidades da capital a suspenderem as atividades presenciais.

De acordo com o superintendente do órgão no Amazonas, Joel Araújo, o fenômeno é causado por agropecuaristas. Ainda segundo o dirigente, há brigadistas tentando apagar as chamas.

“O Ibama tem 45 brigadistas atuando em um grande incêndio ambiental, o maior da região, no município do Careiro, na tentativa de diminuir essa fumaça, que está sendo carregada de lá para a cidade de Manaus”, 

disse o superintendente.

Fumaça de queimadas encobre Ponte Rio Negro, em Manaus. Foto: William Duarte/Rede Amazônica

A Prefeitura de Manaus também negou que a fumaça tenha sido originada de incêndios ocorridos na capital.

Com o fenômeno, a World Air Quality Index, uma plataforma acompanha os níveis de poluição no mundo, colocou a capital entre as piores cidades do planeta em poluição do ar por causa do nível de fumaça.

Governo Federal vai mandar Força Nacional

O Ministro da Justiça Flávio Dino autorizou, na terça-feira (10), o uso de agentes da Força Nacional em municípios do Sul do Amazonas para combater as queimadas ilegais. Os agentes da Força Nacional vão atuar nos municípios de Humaitá, Apuí, Boca do Acre, Lábrea e Manicoré.

Segundo Dino, os agentes vão atuar “nas ações de combate aos incêndios florestais e às queimadas, em atividades de defesa civil em defesa do meio ambiente e nos serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, até o dia 30 de novembro de 2023”.

A portaria, no entanto, não definiu quantos homens serão enviados para as ações: “O contingente a ser disponibilizado obedecerá ao planejamento definido pela Diretoria da Força Nacional de Segurança Pública, da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça e Segurança Pública”, explicou o ministro.

*Por Matheus Castro, do g1 Amazonas 

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