Pesquisa realizada em Mato Grosso busca novos medicamentos para combater o quadro de malária severa

Relatório Mundial sobre Malária, da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que 241 milhões de pessoas foram diagnosticadas em 2020 e, aproximadamente, 627 mil perderam a suas vidas devido à doença.

Uma pesquisa realizada em Mato Grosso está em busca de novos medicamentos para combater o quadro de malária severa. O projeto, desenvolvido por Wânia Rezende Lima, da área de Citologia e Biologia Molecular da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), analisou os efeitos do fármaco mesilato de nefamostato (FUT-175) e cilostazol como antimaláricos nos tecidos cerebrais, pulmonares e renais, na malária cerebral severa.

A malária é atualmente endêmica em vários países, onde a permanência do parasita é garantida pela presença do mosquito transmissor Anopheles. A distribuição geográfica das áreas onde ocorre transmissão da doença coincide com as regiões de menor desenvolvimento socioeconômico, em que a população tem acesso limitado a serviços de saúde e recursos para prevenção, diagnóstico e tratamento.

O Relatório Mundial sobre Malária, da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que 241 milhões de pessoas foram diagnosticadas em 2020 e, aproximadamente, 627 mil perderam a suas vidas devido à doença. Já a Agência de Saúde Global (Unitaid) afirma que 70% dessas [são] crianças com menos de 5 anos.

Fêmea do Mosquito-Prego, vetor da malária. Foto: Reprodução/Pixnio

No Brasil, as áreas de risco também apresentam o mesmo perfil socioeconômico, sendo que 60% do território brasileiro são favoráveis à transmissão da malária. A grande maioria dos casos no país ocorre na Amazônia Legal, a qual inclui parte do território mato-grossense.

Nesta região, a doença é causada principalmente por Plasmodium vivax e Plasmodium falciparum. O município de Colniza aparece como uma dessas principais zonas endêmicas, onde novos casos de malária são frequentemente registrados pela Secretaria Municipal de Saúde.

Resultados preliminares da pesquisa desenvolvida em Mato Grosso mostraram que o cilostazol tem potencial efeito protetor contra insuficiência respiratória e contra a lesão renal aguda, auxiliando na prevenção de complicações da malária cerebral.

Apesar das concentrações testadas de cilostazol (0,1mg, 3 mg e 6 mg/Kg/dia) não mostrarem efeito protetor na mortalidade causada por Plasmodium berghei ANKA, reduziu o número de hemácias parasitadas. No pulmão, o cilostazol atenuou o espessamento do septo alveolar e no rim o diminuiu o alargamento do espaço da cápsula de Bowman, bem como reduziu os níveis de creatinina no plasma causada pela injúria renal.

Fisiopatologia da Malária. Foto: Reprodução/CDC/Prevention

Segundo Wânia Rezende, “cientificamente estes ensaios pré-clínicos mostram que o FUT-175 pode auxiliar potencialmente no tratamento da malária severa causada pelo Plasmodium, pois este medicamento reduz a quantidade de parasitas nas hemácias, aumenta a proteção da barreira hemato encefálica, diminui o extravasamento no tecido cerebral, reduzindo, dessa forma, a isquemia e micro hemorragia no cérebro”.

O fármaco FUT-175 age diminuindo a quantidade de células inflamatórias e os níveis de citocinas inflamatórias sistêmicano tecido cerebral e, consequentemente, os danos no tecido nervoso são reduzidos. Este conjunto de resultados preliminares mostra que o FUT-175 é um forte candidato ao reposicionamento no tratamento de malária severa, pois tem um impacto clínico a um custo menor do que o desenvolvimento de novos fármacos.

A pesquisa recebe o apoio do Governo de Mato Grosso, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat). 


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