Perfil de piscicultores de Monção, no Maranhão, fornece dados para políticas públicas

Foi possível identificar que a criação de peixes rende uma média de dois salários mínimos e meio aos produtores locais, representando um ganho mensal de mais de R$ 3.600.

Estudo realizado por pesquisadores do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) – Campus Maracanã, traçou o perfil de piscicultores e das atividades desenvolvidas por eles, no município de Monção, localizado a 246 km de São Luís. Foi possível identificar que a criação de peixes rende uma média de dois salários mínimos e meio aos produtores locais, representando um ganho mensal de mais de R$ 3.600,00.

“Atualmente, a piscicultura desempenha um papel essencial na economia da Baixada Maranhense, no entanto, ainda existem muitos entraves de conhecimento em vários municípios dessa microrregião, principalmente naqueles onde a piscicultura não está plenamente desenvolvida. Por esses motivos, essa caracterização é uma ferramenta tão importante nesse processo”, destacou a estudante de Agronomia, Cássia Kimberly, que compõe o grupo de pesquisa e é bolsista de iniciação científica da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema).

O trabalho foi orientado pela professora Izabel Funo, coordenadora do Núcleo de Maricultura do IFMA – Campus Maracanã (Numar). A coleta de dados ocorreu em 25 pisciculturas, por meio de um questionário semi-estruturado.

“Chamou atenção o fato de 36% faturarem mais de quatro salários mínimos, quase o dobro da média de ganhos no município, o que reforça o potencial da piscicultura na geração de renda aos pequenos produtores”, avaliou o zootecnista Lucas Felipe da Cruz Pereira, que fez parte da equipe e apresentou parte desses resultados em seu trabalho de conclusão de curso pelo Pronera.

Também foi observado que a maioria dos piscicultores é de homens, com idade média de 48 anos, e autônomos. 80% possuem o Ensino Médio completo, sendo a piscicultura a principal fonte de renda para todos, embora 60% se dediquem a outras atividades. Os entrevistados revelaram, ainda, que seus empreendimentos começaram após receberem algum tipo de formação técnica. 25% deles possuem o Curso Técnico em Piscicultura e outros 75% já fizeram algum curso de curta duração.

Pequena escala 

A piscicultura em Monção é de pequena escala, com policultivo (produção simultânea de duas ou mais espécies aquáticas no mesmo viveiro), e destinada exclusivamente ao comércio local. O ciclo dura cerca de 6 meses e a produção média é de aproximadamente 5 toneladas, nesse período. A comercialização é majoritariamente feita por meio de intermediários. O manejo alimentar dos peixes é eficiente e feito com o uso de ração extrusada (comercial) e probióticos.

Mas, além dos ganhos, há desafios enfrentados pelos piscicultores locais, principalmente pela falta de infraestrutura nas estradas e também pela informalidade do trabalho. Há  dificuldade no acesso à linha de crédito, principalmente pela burocracia e falta de documentação, reduzindo a capacidade de mais investimentos na produção.

 “O desenvolvimento de um projeto como esse melhora o desempenho do aluno durante o curso, além de prepará-lo para o mundo do trabalho, por meio do desenvolvimento pessoal e profissional. Nossos alunos aprendem a pesquisar e a produzir artigos, fazer testes, montar e aplicar questionários, realizar entrevistas, tabular e analisar os resultados. Eu costumo dizer que, durante esses processos, eu vejo meus orientandos aprendendo a criar senso crítico para produzir pesquisa”, destacou a pesquisadora Izabel Funo, que coordenou o estudo.

*Com informações do IFMA

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