Livro abre arquivo de Rita Queiroz: referência nas artes plásticas em Rondônia

Referência cultural em Rondônia, Rita produziu seu recente trabalho literário no decorrer da pandemia do coronavírus.

Aos 85 anos de idade — “cabocla das barrancas do Rio Madeira”, como ela faz questão de enfatizar — acaba de publicar o livro de memórias “Andando pelas picadas – obra e vida da artista plástica Rita Queiroz”. Traz fac-símiles de suas obras e o relato de experiências, “para servir de inspiração”, pontua.

Referência cultural em Rondônia, Rita produziu seu recente trabalho literário no decorrer da pandemia do coronavírus. Artista dedicada e muito cortejada por incontáveis admiradores, seríssima e antenada, tem outros livros e muitas pinturas de sua lavra, a maioria evocando temas ribeirinhos.

Sua primeira exposição ocorreu em 1978, no Horel Selton, em Porto Velho. Tinha 41 anos quando estreou como pintora personalística, com traços todos-seus. Tornou-se notável tanto pela sua arte quanto pela sua militância pela cultura, as tradições caboclas e o meio ambiente que se tornaram suas bandeiras de resistência estampadas na tela ou na verve combativa.

Rita em seu ateliê: arte com engajamento. Foto: R. Machado


Novo presidente da Academia Rondoniense de Letras

Em transição, a Academia Rondoniense de Letras mudará sua diretoria nos próximos dias. Cerimônia ainda não foi marcada. Assumirá a presidência o historiador Célio Leandro da Silva no lugar do escritor William Haverly Martins, que continua sendo o baluarte e presidente de honra da confraria que reúne 40 imortais.

Célio Leandro assumirá presidente da ARL. Foto: Divulgação


Candidatos LGBTQIAP+ 

A comunidade está em alta em Rondônia. Ou mais ou menos isto. Tem vários candidatos a governador com essa pegada — embora não se manifestem. Afinal, temem perder votos, pois no Estado a maioria da população é evangélica, de direita e conservadora. Em tese. Haja vista que foi onde, proporcionalmente, Jair Bolsonaro obteve a maior votação do país nas eleições de 2018 falando em “proteção da família tradicional”.


Meio ambiente? Aqui não

Durante a Rondônia Rural Show — evento realizado em maio em Ji-Paraná (RO) — ventilou-se que o governador Marcos Rocha é simpático ao meio ambiente. O que seria óbvio para um estadista. Mas não. De pronto a artilharia do coronel-governador tratou de desmentir e deixar claro que Rocha não é ambientalista, não pretende ampliar áreas de reserva (“muito pelo contrário”, conforme salientou um interlocutor à imprensa) e que é a favor do agro, “porque Rondônia é agro”, resumiu na base do chavão.


101 anos de Teixeirão 

1º de Junho é o Dia do Guerreiro de Selva. A data foi criada em homenagem ao nascimento do Coronel de Artilharia Jorge Teixeira de Oliveira, fundador do CIGS (Centro de Intrução de Guerra na Selva), sediado em Manaus.

Nesta semana, 1º/6, fez 101 anos o nascimento do coronel Teixeira — gaúcho de nascimento que foi último governador da fase do Território Federal e o primeiro do Estado de Rondônia, entre 1979 e 85.

Teixeirão, como era conhecido, ficou marcado na memória rondoniense como um verdadeiro estadista e o mais carismático dentre todos os que ocuparam o Poder Executivo. Ele também foi prefeito de Manaus (1975/1979).

Em sua homenagem há um memorial na Capital rondoniense mantendo parte de seu acervo e onde está instalada sua estátua em bronze; há, ainda, dois municípios que levam o seu nome (Jorge Teixeira e Teixeirópolis), além do aeroporto de Porto Velho, escolas no interior e várias vias públicas. Em Manaus também há o Bairro Jorge Teixeira.

Foi e é o homem público mais lembrado e homenageado em Rondônia, depois de Marechal Rondon — o patrono do Estado. Ele faleceu ainda novo, aos 65 anos, em 1987; está sepultado no Rio de Janeiro, no mesmo cemitério onde repousa o Rondon.

Coronel Jorge Teixeira: lenda. Foto: Arquivo Público


Milton e o sonho de Ícaro 

Em 2006 o ator Milton Gonçalves foi homenageado em Porto Velho durante a 14ª edição do Festival Latino Americano de Cinema Ambiental (FestCineamazônia). Recebeu o Troféu Mapinguari e teve parte da carreira relembrada. Foi um dia épico.

Milton Gonçalves morreu nesta semana personificando o tipo “único” na cultura nacional. Nunca protagonizou, mas sempre roubou a cena. Pelo talento. Sem padrinhos ou artifícios. Só talento, gigante, visceral. Foi dos poucos negros, em décadas, a aparecer com destaque na tela. Um desbravador em um mercado (até então?) excludente.

Ficou 40 novelas no ar, mais as minisséries, humorísticos, filmes, teatro. Escreveu, dirigiu, propalou arte. E também militou em muitas causas — principalmente, pela arte e os direitos das pessoas negras —, foi, ainda, candidato a governador do Rio de Janeiro. Enfim, viveu intensamente a vida e as decorrências desta arte maior: viver.

Nasceu no interior de Minas Gerais, foi engravate, alfaiate e gráfico em São Paulo e, aos 14 anos, já estava na lida de artista. Vocação e estudo o fizeram! Na primeira novela em cores do Brasil, O Bem Amado, de 1973, viveu Zelão das Asas, que tal qual Ícaro [da Mitologia Grega] sonhava deixar sua cidade, Sucupira, voando. Foi sua tradução. Um sonhador que, por fim, voou. Eternizou-se!  

Milton Gonçalves durante entrevista à Rede Amazônica em 2016. Foto: Divulgação

Sobre o autor

Às ordens em minhas redes sociais e no e-mail: julioolivar@hotmail.com . Todas às segundas-feiras no ar na Rádio CBN Amazônia às 13h20.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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