Procissão fluvial envolve comunidades do Brasil e da Bolívia.
O Governo do Estado de Rondônia sancionou a Lei n° 5.252, de 11 de janeiro de 2022, que reconhece a Festa do Divino Espírito Santo como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado. O evento existe há 126 anos.
Usando embarcações tradicionais a remo — os batelões — bem enfeitadas com os símbolos do Divino, como é o pombo branco, e cobertas de esteiras de bambu, com fitas e bandeiras e cores branco e vermelho, os romeiros percorrem mais de 1300 quilômetros do Vale do Rio Guaporé durante exatos 50 dias. As datas variam, mas sempre são no primeiro semestre de cada ano.
Em todas as paragens em comunidades brasileiras e bolivianas — 40 no total — são oferecidos banquetes aos participantes da procissão e convidados. Os alimentos são arrecadados junto ao próprio povo. Foguetórios, rezas, cantorias, a apresentação da imperatriz do Divino e seus séquitos emocionam a todos os que recepcionam os remadores, em sua maioria pessoas de raízes africanas.
O sagrado e o profano se encontram com muita emoção. Muitas pessoas costumam pagar promessa e esperam a chegada dos romeiros dentro da água, às margens do rio, segurando velas acesas. Depois dos atos musicais e das bênçãos, seguem para missas e fartas refeições.
Fotos: Foto: Júlio Olivar/Acervo pessoal
A tradição surgiu no século 14 em Portugal e foi trazida para o Brasil por exploradores europeus. Com o tempo, foram adicionados elementos da cultura africana — como o uso de atabaques — muito presentes nos quilombos que foram surgindo no Vale do Guaporé, ocupado por Portugal e Espanha desde o Brasil Colônia.
Em outros pontos do País, como em Paraty (RJ), por exemplo, o folguedo de cunho religioso não é como em Rondônia. Aqui, é o único lugar em que a procissão é fluvial e dura tantos dias. Neste ano, o evento começará em março, ainda sem dia marcado — em 2020 e 2021 não foi realizado por causa da pandemia da Covid-19.
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