Data não é lembrada por governantes que preferem mídias personalistas.
Vinte e dois de março, Dia Mundial da Água, comemorado desde 1993 por recomendação da ONU. A Amazônia — e, notadamente, Rondônia — deveria dedicar-se ao tema. É lugar-comum, mas sempre cabe ressaltar: água é essencial. E esta é a maior riqueza que possa haver. Como o assunto tem sido tratado nas escolas?
Não têm merecido os cuidados necessários os parques ecológicos, os loteamentos se aproximam cada vez mais de áreas de reserva — isso quando não as invade, fenômeno detectado principalmente no Vale do Guaporé. Tudo isso é muito sério! As cidades crescem sem planejamento, destruindo áreas verdes e nascentes.
Os mananciais e toda biodiversidade do cerrado e da Amazônia estão em constante ameaça, por conta da agricultura e da pecuária extensivas, doa madeiros que ainda resistem, dos loteamentos e da explosão demográfica em municípios-polos, afetando o lençol freático com esgotos, sem qualquer tratamento. E ainda a contaminação dos leitos com a garimpagem ilegal.
Deveria ser um dia de muita reflexão o Dia da Água; um momento maior na mídia — principalmente na oficial, que usa todos os espaços apenas para promover governantes, mesmo que disfarçadamente, inclusive ferindo o princípio da impessoalidade. Educar e instruir são pressupostos da plena cidadania, e isso não acontece só na sala de aula; a publicidade também deve ser responsável.
O Rio Madeira
Fala-se que a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré é o marco inicial de Porto Velho. Mas por onde veio todo o material e toda a gente do mundo todo que trabalhou na ferrovia? Pelo rio. O primeiro meio de transporte e de comunicação — hoje muito relevante neste aspecto. Haja vista que a Hidrovia do Madeira é uma das mais importantes do País, canal de transporte no “Arco Norte”, especializado em conduzir soja, milho, contêineres e açúcar. Atualmente transporta cerca de 3,6 milhões de toneladas por ano.
Nasce na Bolívia com o nome de Rio Beni; junta-se com os rios Guaporé e Mamoré no município do Nova Mamoré onde passa a se chamar Rio Madeira; afluente do Rio Amazonas e o 17º maior do Planeta (3315 km), com vazão de 40 milhões de litros de água por segundo no tempo de chuva. Com 900 espécies de peixes, o Madeira tem a mais rica ictiofauna do mundo, além de ter muito ouro que, de tempos em tempos, atrai centenas de garimpeiros ilegais — como ocorreu recentemente.
Falando em publicidade governamental
Nada disso é dito nas peças publicitárias governistas, que mostram um mundo de fantasia reforçando slogans que, de tão batidos, despertam pouca confiança. Trazem adjetivos como honesto, trabalhador, ético. Quem é tudo isso? O governo? Ora, governo é CNPJ, é coletivo, é empresa pública. Se a referência é ao gestor, mesmo que subliminarmente, há aí um problema legal previsto no art. 37 da Constituição Federal.
Live apresenta a poesia na fronteira
Às 19h30 deste sábado (26/3), horário de Rondônia, será transmitida pelo YouTube a live “Pérola do Mamoré e Berço do Madeira”, pelo canal do Coletivo Vozes e EnCantos Amazônicos. Os protagonistas serão os escritores João Pedro Antelo e Simon Oliveira, ambos de Nova Mamoré — cidade onde nasce o Rio Madeira, vizinha de Guajará-Mirim, cidade conhecida como “Pérola do Mamoré”, razão do título da live.
A live foi idealizada pelas professoras Auxiliadora dos Santos Pinto, residente em Guajará-Mirim, onde será realizado o evento, e Márcia Dias, residente em Nova Mamoré; ambas cidades ficam na fronteira do Brasil com a Bolívia.
A live é focada na poesia rondoniense contemporânea. O público também tomará contato com produções fotográficas, audiovisuais e musicais.
Sobre o autor
Às ordens em minhas redes sociais e no e-mail: julioolivar@hotmail.com . Todas às segundas-feiras no ar na Rádio CBN Amazônia às 13h20.
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