Revestimento de ração medicada melhora controle de parasitas em tambaquis

Pesquisador destaca que os resultados podem ser uma estratégia eficaz para mitigar os impactos ambientais associados ao uso de medicamentos na aquicultura.

Pesquisadores da Unicamp e da Embrapa conduziram um estudo para minimizar os impactos ambientais e maximizar a eficácia no tratamento de parasitas em tambaquis, peixes amazônicos de importância econômica. Uma pesquisa, realizada em Manaus, AM, concentrou-se em revestir a ração medicamentosa  com etilcelulose, um polímero e o efeito deste na redução da lixiviação do albendazol, a partir da ração.

Este medicamento tem sido demonstrado eficaz no controle do acantocéfalo Neoechinorhynchus buttnerae , verme que parasita o intestino dos tambaquis. Após 34 dias de tratamento, a eficácia do albendazol foi de 34% nos peixes alimentados com ração não revestida e de 66% nos alimentados com ração revestida.

De acordo com Claudio Jonsson, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, a lixiviação, na água, de medicamentos provenientes de rações medicamentosas é uma preocupação ambiental significativa. Vários trabalhos relatam o problema a respeito do albendazol, um anti-helmíntico – medicamento que controla esses vermes, que ataca principalmente peixes e anfíbios. Entretanto, seu uso pode representar riscos tanto para o meio ambiente quanto para a saúde humana quando utilizado indiscriminadamente.

O estudo, aprovado pelos órgãos reguladores competentes, envolveu a análise de 340 tambaquis, adquiridos de duas pisciculturas, sendo uma com histórico de acantocefalose e outra sem esse histórico. A prevalência da parasita N. buttnerae foi de 100% nos peixes do primeiro grupo, evidenciando a necessidade de tratamento. Os peixes foram alimentados com ração medicamentosa contendo albendazol, sendo parte dela revestida com etilcelulose. 

A bioacumulação de albendazol em tecidos comestíveis dos tambaquis não foi afetada pelo revestimento com etilcelulose, mostrando-se uma opção viável para reduzir a lixiviação do medicamento sem comprometer sua eficácia no tratamento dos parasitas. Jonsson destaca que os resultados sugerem que o revestimento de ração medicamentosa pode ser uma estratégia eficaz para mitigar os impactos ambientais associados ao uso de medicamentos na aquicultura, ao mesmo tempo em que mantém a eficácia no controle de parasitas.

“Este estudo destaca a importância da pesquisa contínua na busca por soluções sustentáveis ​​para os desafios enfrentados pela aquicultura”, acredita o pesquisador.

A equipe do estudo é formada por Rafaelle Cordeiro, Patrícia Braga, Felix Reyes Reyes, da Unicamp; Claudio Jonsson, da Embrapa Meio Ambiente; e Edsandra Chagas e Franmir Brandão, da Embrapa Amazônia Ocidental.

*Com informações da Embrapa

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