Projeto incentiva aproveitamento de resíduo da mandioca por comunidade quilombola de Salvaterra

Programa de Ação Comunitária da Pró-Reitoria de Extensão da Uepa elabora produtos como molhos e geleia de tucupi a partir da manipueira.

Na comunidade quilombola de São Benedito da Ponta, no município de Salvaterra, Ilha do Marajó (PA), representantes de todas as famílias locais aprenderam a converter um rejeito com potencial de poluição ambiental em produtos saborosos, de fácil comercialização e bom valor agregado.

Essa mudança é resultado das atividades do projeto de aproveitamento de manipueira (líquido que sai da mandioca e de onde se extrai o tucupi) e importância histórico cultural das casas de farinha, coordenado pela professora Carmelita Amaral Ribeiro, do curso de Tecnologia de Alimentos da Universidade do Estado do Pará (Uepa), mediante aprovação no edital do Programa de Ação Comunitária (PAC) da Pró-Reitoria de Extensão (Proex).

A manipueira é um líquido de aspecto leitoso e de cor amarela-clara, obtido em quantidade em casas de farinha, após a prensagem das raízes da mandioca para produção de farinha. Esse resíduo é, frequentemente, descartado em grande quantidade no solo e com a intervenção das ações do projeto, ao invés de causar problemas de contaminação, decorrente do descarte incorreto, a manipueira pode ser aproveitada na elaboração de produtos como molhos geleia de tucupi, molhos cremosos de tucupi com jambu e molho de tucupi com pimenta cumaru, por exemplo.

Além da professora Carmelita Ribeiro, a estudante Ângela Maria Melo Barros e o aluno Diego Bruno Figueiredo Serrão, ambos no quinto semestre do curso de Tecnologia de Alimentos no campus XIX, em Salvaterra também atuaram na capacitação das pessoas envolvidas nas atividades que envolviam orientações sobre como manipular e produzir os alimentos com segurança e qualidade. 

Conhecer o histórico das casas de farinha da comunidade, assim como a sua contribuição cultural também faz parte dos objetivos do projeto. O estudante Eli Haroldo dos Santos Gemaque, que cursa o oitavo semestre da Licenciatura em História, também no campus XIX da Uepa, ficou à frente das entrevistas realizadas durante esse processo de escuta da comunidade, no qual a equipe buscou saber de que maneira as famílias da comunidade produzem a mandioca e desenvolvem seus subprodutos, bem como, compreender a importância desses produtos para as famílias.

Qualidade de vida e aumento da renda

Mais do que capacitar as famílias em relação à produção dos alimentos, a equipe da Uepa também contribuiu com a confecção de rótulos e orientou sobre a comercialização.

“Fizemos com eles os cálculos sobre os custos de produção, inclusive sobre as embalagens e rótulos, para projetar os  preços de comercialização”, explica a professora Carmelita. Na avaliação das mulheres quilombolas que participaram das oficinas, foi muito proveitoso aprender a não desperdiçar. “Antes a gente fazia o suco do maracujá e jogava a casca fora e hoje já fizemos a geleia usando casca. A gente aprendeu e foi ótimo. Para quem não sabia, hoje em dia já não vai mais desperdiçar jogar fora”, afirma Laide Barbosa Portal.

Agradecida pela oportunidade, Iolete dos Reis Pereira afirmou que tudo ficou delicioso e que junta, a comunidade vai progredir. “Vamos para frente, né? Porque foi delicioso, aprendemos, gostamos muito e agradecemos muito a todos que vieram nos ensinar”.

“A gente desperdiçava muito tucupi aqui e o que mais a gente aproveitou, acredito todas as meninas, foi essa parte que a gente descartava e agora é aproveitada na geleia. Estamos tendo muitos pedidos, então eu creio que a renda também vai aumentar bastante através desse projeto. Vamos comercializar todos esses produtos que aprendemos a fazer”, conclui Marielle Lucia Santos dos Santos.

Na avaliação da Meiriane Lopes, agente de desenvolvimento local da Sala do Empreendedor Salvaterra, é necessário “potencializar as comunidades na sua forma econômica no empreendedorismo feminino e aí a gente começa a plantar esse sentimento do empreendedor dando rumos para essas pessoas, porque elas têm esse produto e só viam o produto se estragando, sem pensar em empreender e a instituição está ajudando muito a mudar esse cenário.

*Com informações da UEPA

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