Pesquisadores desenvolvem projeto capaz de levar energia renovável para domicílios em locais isolados do país

Tecnologia, que será testada na UHE Belo Monte, substitui a utilização de combustíveis fósseis, ajuda no combate às mudanças climáticas e pode beneficiar 4 milhões de pessoas

Pesquisadores e alunos da Universidade Federal do Pará (UFPA) desenvolveram um projeto que tem como objetivo levar energia renovável a localidades isoladas do Brasil e contribuir para a descarbonização da Amazônia. Atualmente, o país possui 1,4 milhão de domicílios sem energia elétrica, segundo dados do Censo 2022. Inovadora e sustentável, a tecnologia vem sendo testada, de forma experimental, no laboratório da universidade, em Belém, e poderá beneficiar os 4 milhões de brasileiros que hoje não têm acesso à energia.

O desenvolvimento do projeto é uma parceria da UFPA com a Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que investe na pesquisa desde outubro de 2022. Ano que vem a simulação está prevista para acontecer na Usina, em Altamira.

A elaboração do trabalho dos pesquisadores da UFPA acontece na estrutura do projeto Supercapacitores, que obteve o primeiro lugar do prêmio O Setor Elétrico, na categoria inovação e tecnologia. 

O estudo propõe uma estratégia de gerenciamento de energia para um sistema fotovoltaico híbrido, a partir do armazenamento de energia feito por bateria e bancos de supercapacitores para uma microrrede – rede local de distribuição e consumo de energia elétrica que pode operar autônoma e isoladamente do sistema de distribuição da concessionária, de forma a manter o fornecimento de energia local.

Foto: Divulgação/Norte Energia

Para o coordenador do projeto, o pesquisador Thiago Mota Soares, o ponto inovador do sistema é o desenvolvimento de um conversor eletrônico que faz o armazenamento e despacho da energia. Esse gerenciamento será feito por meio de um algoritmo, em fase de aprimoramento pelos pesquisadores.

“Também estamos desenvolvendo um software para fazer a gestão do processo de geração de energia, armazenamento e despacho para a rede elétrica, ao mesmo tempo em que irá gerar, em tempo real, dados da medição das operações e projeção de cenários. Assim, o software atuará como um simulador para evitar a possibilidade de falhas no sistema”, explica o pesquisador.

Combate às mudanças climáticas

De acordo com o Censo 2022, o Brasil possui 1,4 milhão de domicílios em localidades isoladas. Além disso, segundo dados demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 4 milhões de brasileiros não têm acesso à energia. São cidadãos que, pela falta de eletricidade, também não conseguem ter acesso à comunicação, à educação de qualidade e à melhoria na sua produção agroextrativista.

Contudo, para conseguirem ter eletricidade poucas horas por dia, são obrigados a usar combustíveis fósseis para o funcionamento de motores, emitindo uma quantidade de gases de efeito estufa maior do que um cidadão conectado 24 horas à rede convencional de eletricidade. O descarte desse combustível também é um ponto de atenção porque nem sempre é feito da forma adequada.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Amazônia onde a violência campeia sem controle

Conflitos gerados por invasões de terras configuram hoje o principal eixo estruturante da violência na Amazônia Legal, segundo conclui o estudo Cartografia das Violências na Amazônia.

Leia também

Publicidade