Pesquisa ajuda na construção de estação de tratamento de água no interior do Amazonas

O processo é feito com o uso de coagulantes à base de taninos vegetais que não alteram o pH da água durante o processo de tratamento.

A construção de uma planta-piloto de estação de tratamento para obtenção de água potável para as comunidades ribeirinhas e populações tradicionais de Itacoatiara, no Amazonas, é o principal objetivo de uma pesquisa apoiada pelo Governo do Estado, por meio do Programa de Apoio à Interiorização Tecnológica do Amazonas (Painter), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

O coordenador da pesquisa e doutor em Engenharia Química, Alex Martins Ramos, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), cita que os principais resultados do estudo foram três: customização do filtro, com fácil manuseio, resistência ao clima amazônico e elementos filtrantes, como o carvão ativado e a areia grossa; coagulante à base de tanino vegetal; e produção de água potável, com cerca de 500 litros por hora.

O projeto intitulado ‘Sistema simplificado de tratamento de água para abastecimento de comunidades rurais utilizando coagulante natural’ já foi finalizado e utiliza a tecnologia para solucionar a questão da água para a população da zona rural.

Foto: Alex Ramos/Acervo pessoal

O processo é feito com o uso de coagulantes à base de taninos vegetais que não alteram o pH da água durante o processo de tratamento, além do lodo gerado ser biodegradável. “Isso é muito importante, pois, as comunidades rurais residem às margens dos lagos e rios amazônicos, onde não há como descartar em local apropriado, os resíduos produzidos”, explica Alex Ramos.

O pesquisador acrescenta que a mudança dos coagulantes inorgânicos para os orgânicos melhorou a operação da estação, uma vez que caso o usuário erre a dosagem utilizada, seja para mais ou para menos, a água resultante apresenta uma coloração de tons marrons e, assim, o líquido deve ser descartado.

“Costumo dizer que as águas superficiais amazônicas apresentam três desafios, caso alguém deseje torna-la potável: elevada quantidade de sólidos e turbidez, cor e microrganismos patógenos. A estação fabricada nesta pesquisa superou formidavelmente tais desafios”, 

anima-se o pesquisador com a conquista do estudo.

Foto: Alex Ramos/Acervo pessoal

A estação unifamiliar, simplificada e compacta de tratamento de água foi baseada no trinômio clarificação-filtração-desinfecção e tem as seguintes especificações: vazão de filtração de 500 litros por hora, retrolavagem (sistema de limpeza dos filtros) de 1.000 litros por hora e pressões (medida indicada para evitar o desperdício) de 0,20 bar (pressão de operação na filtração) e 0,50 bar (pressão máxima de operação do sistema).

O edital n° 003/2020, do Painter, visou fomentar a interiorização de atividades de pesquisa aplicada e inovação tecnológica, por meio de indução em áreas estratégicas, especialmente a bioeconomia, para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do Amazonas com a finalidade de aplicação de seus resultados na resolutividade/minoração de problemas específicos dos municípios do interior do Estado.

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