Trabalho sobre inseticidas feitos a partir de plantas da Amazônia no Acre é publicado em livro nacional

Estudos foram realizados com óleos essenciais produzidos a partir de plantas amazônicas, como o óleo essencial de pimenta-de-macaco.

O trabalho de pesquisadores da Embrapa Acre sobre o uso de plantas da Amazônia como base para inseticidas naturais foi selecionado para fazer parte do livro ‘Inseticidas botânicos no Brasil: aplicações, potencialidades e perspectivas’. A obra reúne resultados de pesquisas desenvolvidas por diferentes instituições nos últimos 15 anos.

A publicação foi feita pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) e foi preparada através de pesquisa, experimentação e emprego prático de inseticidas botânicos em programas de manejo de pragas. Esse exemplar vem depois de uma década e meia sem novas publicações sobre o tema.

A obra evidencia as potencialidades da química na Amazônia, que é um aspecto essencial para o desenvolvimento de estudos entomológicos (especialidade da biologia que estuda os insetos sob todos os seus aspectos e relações com o homem, as plantas, os animais e o meio ambiente). O livro está disponível para compra no site da editora Fealq.

O pesquisador Murilo Fazolin, um dos autores do capítulo sobre o uso de óleos essenciais em fórmulas de inseticidas, crê na importância dos estudos de bioprospecção, como é chamada a pesquisa de compostos químicos, genes, micro e macrorganismos e outros produtos naturais para seu potencial uso na indústria, de plantas com potencial de uso inseticida, realizados na Amazônia Ocidental.

“Buscamos reunir informações sobre o desenvolvimento das pesquisas e o potencial de aplicação do óleo essencial de pimenta-de-macaco (Piper aduncum L.) como inseticida botânico. Além disso, abordamos as tendências de uso de óleos essenciais em alguns países, incluindo a aromaterapia com cheiros amazônicos, e destacamos a necessidade de ampliar as pesquisas com óleos essenciais e as possibilidades de uso desses produtos no Brasil”, enfatiza Fazolin.

O trabalho envolveu profissionais de áreas distintas e diferentes expertises. Também assinam como autores do capítulo os analistas da Embrapa Acre: André Fábio Medeiros Monteiro e Fernando Wagner Malavazi e a engenheira agrônoma Joelma Lima Vidal Estrela.

Pesquisas com óleos essenciais

Para as pesquisas com a pimenta-de-macaco foi necessário fazer a caracterização e seleção genética da espécie, para a formação de coleções com variabilidade, que compõem o Banco Ativo de Germoplasma (BAG) mantido na Embrapa Acre, atualmente com mais de 700 materiais.

Óleo essencial de pimenta-de-macaco, planta encontrada em abundância na região, é o principal produto pesquisado pela instituição. Foto: Asscom/Embrapa AC

“Percebemos que era possível extrair o óleo essencial de pimenta-de-macaco e, então, investimos no melhoramento da planta, por meio de cruzamentos, para selecionar aquelas mais produtivas em óleo com maior teor de dilapioll”, conta Fazolin.

O pesquisador também destaca o trabalho voltado para o manejo da pimenta-de-macaco, especialmente o espaçamento utilizado na implantação dos cultivos e práticas adequadas de adubação e irrigação.

“Aos poucos fomos aprimorando conhecimentos sobre a pimenta-de-macaco e passamos a estudar também outras plantas com potencial inseticida. Esse trabalho faz da Embrapa Acre uma referência em pesquisas com óleos essenciais da Amazônia e outras regiões do Brasil”, ressalta.

Os estudos com a planta amazônica querem fazer com que seja possível o uso comercial do dilapiol como inseticida botânico e como complemento de inseticidas convencionais para aumentar a eficiência desses produtos no controle de pragas agrícolas.

De acordo com Murilo, o produto já foi testado em campo, como inseticida, mas ainda necessita de ajustes para ser disponibilizado como matéria prima pela indústria, para atender ao mercado de inseticidas. “Provamos que o óleo essencial potencializa vários grupos de inseticida e vamos avançar a partir do momento que pudermos formular o produto para testar como um sinérgico”, afirma.

*Com informações do g1 Acre

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Pará perde Mestre Laurentino; artista completaria 99 anos em janeiro de 2025

Natural da cidade de Ponta de Pedras, na Ilha do Marajó, ele era conhecido como o roqueiro mais antigo do Brasil.

Leia também

Publicidade