Algumas das novas linhagens identificadas são de vírus que circularam na Dinamarca, Colômbia, Reino Unido e País de Gales.
Liderado pelo pesquisador e vice-diretor de Pesquisa e Inovação do ILMD/Fiocruz Amazônia, Felipe Naveca, o estudo encontrou 8 linhagens do novo coronavírus circulando no estado, o que sugere ao menos oito introduções do SARS-CoV-2 no Amazonas. Outra importante descoberta foi a identificação de 4 linhagens que ainda não haviam sido sequenciadas no Brasil.
As quatro novas linhagens identificadas são a B.1.107; B.1.111; B.1.1.2; e B.1.35 que circularam na Dinamarca, Colômbia, Reino Unido e País de Gales, respectivamente. Com essas, sobem para 30 o número de linhagens encontradas no Brasil.
“Quanto mais nós investigamos, maior variabilidade temos encontrado, o que nos mostra que foram diversas as entradas do vírus no estado, mesmo em um período onde, teoricamente, havia menor circulação de pessoas”, comenta Naveca.
O pesquisador reforça a importância do sequenciamento do novo coronavírus e a continuidade desse trabalho, inclusive para os protocolos de diagnóstico.
“Os dados do sequenciamento nos ajudam também a verificar se há a necessidade de ajustes nos protocolos de diagnóstico, por exemplo, se aqui o vírus acumulou alguma mutação que leve a um resultado falso-negativo. Os protocolos em uso hoje foram desenvolvidos em outros países, como China, EUA e Alemanha, levando em consideração o que se sabia da variabilidade viral naquele momento”.
Para o diretor-técnico FVS-AM, Cristiano Fernandes, novos questionamentos surgem com a identificação das linhagens do SARS-CoV-2 que circulam no Amazonas, especialmente sobre o percurso do vírus até ser introduzido nos municípios.
“O nosso desafio é ampliar as amostras dos municípios do interior para tentar identificar maior variabilidade viral, entendendo o contexto e a complexidade que a doença tem nos trazido, lembrando que são quase 4.600 óbitos aqui no estado, então, algumas perguntas ainda precisam ser respondidas e esse estudo pode esclarecer muito do ponto de vista da vigilância, esse aspecto relacionado à patologia da doença, baseado em estudos genômicos e de variabilidade viral”, declara Fernandes.
Genômica no Amazonas
Em março deste ano, a poucos dias da ocorrência do primeiro caso de Covid-19 no Amazonas, Felipe Naveca concluiu o primeiro sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2 do Norte do país.
O estudo é continuo, dada a importância de se entender melhor a dispersão do vírus no Amazonas. Vale lembrar que o sequenciamento dos genomas de SARS-CoV-2 contribuem para o desenvolvimento de vacinas e medicamentos contra o vírus. Os genomas identificados no Amazonas integram um banco de dados e podem ser comparados a outros que circulam no Brasil e no mundo.
O estudo de Felipe Naveca e sua equipe é apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio da Rede Genômica de Vigilância em Saúde do Estado do Amazonas (Regesam) e do edital PCTI-EmergeSaúde AM; pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), através da Chamada 07/2020 – Pesquisas para enfrentamento da Covid-19; e pela Fiocruz, edital Inova – Geração de conhecimentos.