Produto foi testado e mostrou 100% de eficácia na purificação. Trabalho produzido na Ueap é uma alternativa para o descarte de caroços de açaí em Macapá.
Pensando em reaproveitar caroços de açaí descartados por batedeiras em Macapá, um grupo de pesquisadores da Universidade do Estado do Amapá (Ueap) desenvolveu um tipo de carvão ativado a partir desses resíduos. O objetivo é usar a composição para purificar águas contaminadas na Amazônia.
Segundo o pesquisador Tiago Marcolino de Souza, o trabalho buscou uma solução bioeconômica e ambiental aplicando o resíduo de açaí como carvão ativado na adsorção de azul de metileno, um contaminante emergente.
“Nosso grupo de pesquisa nos últimos anos têm se esforçado para colaborar com a Amazônia, e principalmente solucionar a questão ambiental do descarte inadequado do resíduo do açaí, que vai se acumulando nas nossas ruas, em terrenos baldios e em diversos locais”,
explicou o pesquisador.
Os resíduos foram coletados em batedeiras de açaí na região urbana de Macapá. Após a coleta, foram lavados em água corrente, triturados e secados em estufa controlada.
Murilo Camelo dos Santos desenvolveu a pesquisa com o carvão ativado durante o mestrado na Universidade Federal do Amapá (Unifap). Ele escreveu que o processo inclui ainda outras substâncias para elevar a eficácia do carvão para a purificação.
“Dentro do projeto fizemos testes com esse tipo de carvão e buscamos melhorias utilizando outras funcionalidades, como a incorporação de dióxido de titânio, que ajuda como agente potencializador pro carvão. Através desse produto obtivemos resultados satisfatórios, em 100%, do resíduo”, descreveu o pesquisador.
Como ocorre o processo
Após a coleta, lavagem e trituração o resíduo é carbonizado por um processo chamado de pirólise, onde não há presença de oxigênio ou a sua concentração é mínima. O resultado da carbonização é o biocarvão, um material com alto teor de carbono. Em seguida, o biocarvão pe impregnado com dióxido de titânio para melhorar a capacidade adsortiva.
O compósito então é aplicado em contato com o contaminante dentro de uma caixa fechada com luz negra, em um processo típico de tratamento. “Os resultados mostraram excelente eficiência na remoção do azul de metileno, onde os testes em baixa concentração do contaminante obtiveram a remoção de, aproximadamente, 82% em poucas horas e para concentrações altas obteve-se até 100% de remoção dentro de dias ou semanas”, explicou Murilo Camelo.
*Por Rafael Aleixo, do g1 Amapá